EDITORIAL
Olá, car@s amig@s do Noticiário Eletrônico da SBM!
O protagonismo feminino se destacou na comunidade científica matemática, fazendo jus ao mês das mulheres. A presidente da SBM, Jaqueline Mesquita, foi nomeada presidente da UMALCA (Unión Matemática de América Latina y el Caribe), tornando-se a primeira brasileira e a pessoa mais jovem a ocupar essa posição. A UMALCA fortalece o relacionamento entre as equipes científicas dos países membros e desempenha um papel fundamental no incentivo à matemática nos países de menor desenvolvimento. Com a nomeação de Jaqueline, o Brasil reafirma sua posição de liderança na comunidade científica mundial.
NOTÍCIAS

Presidente da SBM assume a liderança máxima da Unión Matemática de América Latina y el Caribe
Simbolizando um marco histórico, Jaqueline Mesquita torna-se a primeira pessoa do Brasil e a mais jovem a presidir a entidade
Nesta quinta-feira, 27 de março, durante a Assembleia da Unión Matemática de América Latina y el Caribe (UMALCA), foi oficializada a nomeação de Jaqueline Mesquita, atual Presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), para a presidência da União.
Com uma posse marcada pelo avanço científico e social, Jaqueline é a primeira brasileira e a mais jovem pessoa a ocupar essa posição. “É uma imensa honra e um grande privilégio assumir a presidência da UMALCA. Esse momento reforça não apenas a importância da diversidade na liderança, mas também o papel do Brasil no fortalecimento da matemática na América Latina e no Caribe”, afirma.

Eleição da SBM – votação aberta até 25/05/2025
Já está aberta no sistema da SBM a votação para eleição dos órgãos da SBM: Diretoria, 4 membros do Conselho Diretor, Conselho Fiscal e Secretarias Regionais.
Para votar, acesse: https://votacao.sbm.org.br/ até 25/05/2025
Caso tenha esquecido a sua senha, é possível recuperá-la no Cadastro de Associados: https://associados.sbm.org.br/
Em caso de dúvida, entrar em contato com o secretariado da SBM, por meio do e-mail secretaria@sbm.org.br.
A sua participação é muito importante!
Boas-vindas à nova integrante do Comitê Editorial do Noticiário Eletrônico da SBM
É com grande alegria que o Comitê Editorial do nosso querido Noticiário dá as boas-vindas à professora Hellen Monção de Carvalho Santana, docente do Departamento de Matemática da UFSCar, mas começou sua carreira docente no Departamento de Matemática Aplicada da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Hellen Santana é bacharel e mestre em Matemática pela UNESP e doutora em Matemática pela USP. Sua pesquisa se concentra na área de Topologia de Singularidades e Classes Características.
Agradecemos imensamente à professora Hellen por aceitar o convite para colaborar com a SBM, contribuindo com seu trabalho sempre marcado pela excelência.
Nivaldo Grulha
Editor-chefe do Noticiário Eletrônico da SBM

Sociedade Brasileira de Matemática lança a 2ª edição do Prêmio Regional de Dissertações do PROFMAT
Iniciativa premia dissertações de destaque no ensino de Matemática em todas as regiões do país
Com o objetivo de dar visibilidade e destacar o mérito acadêmico dos trabalhos desenvolvidos no Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), o Prêmio Regional de Dissertações do programa reconhecerá dissertações de egressos das cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul).
A inscrição de trabalhos para concorrer ao Prêmio é realizada pelo método de indicação, que deve ser feita pelas Coordenações Locais de cada Instituição Associada do PROFMAT diretamente na página do Prêmio. Cada Coordenação poderá indicar até duas dissertações defendidas no próprio programa durante os anos de 2023 e 2024.

Com participação da SBM, Miami sedia evento de Centenário de Solomon Lefschetz
Presidente Jaqueline Mesquita foi uma das representantes do Brasil em evento que homenageou um dos grandes nomes da Matemática Moderna
Na última semana de março, a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) esteve presente em conferência sediada na Universidade de Miami (UM) em comemoração ao Centenário de Solomon Lefschetz, importante matemático norte-americano que é uma das grandes referências nas áreas de Topologia e Geometria Algébricas e Equações Diferenciais. A Presidente Jaqueline Mesquita foi uma das palestrantes do evento organizado pelo Instituto de Ciências Matemáticas das Américas (IMSA).
A conferência reuniu pesquisadores expoentes da Matemática, entusiastas e acadêmicos de todo o mundo. Foram seis dias de plenárias e rodas de debates entre cientistas dos mais vastos segmentos. A programação começava pela manhã e seguia até o fim da tarde, no auditório principal do Pavilhão Lakeside Village da UM – mesmo palco da 2ª edição do Mathematical Waves Miami (MWM), ao qual Jaqueline também compareceu no fim de janeiro.

Insper celebra liderança e empreendedorismo femininos na premiação Women in Action
Evento reconhece mulheres que impulsionam transformações sociais e tecnológicas; cerimônia será no dia 9 de abril
O Insper – instituição de ensino superior sem fins lucrativos – realiza no dia 9 de abril (quarta-feira), a cerimônia do Prêmio Women in Action, que reconhece conquistas femininas e valoriza projetos que promovem inovação, igualdade de gênero e inclusão social. O evento incentiva a participação de mulheres em diferentes áreas do conhecimento e amplia a visibilidade de suas contribuições.
A premiação será dividida em três categorias. Em Inovação Tecnológica, serão reconhecidos projetos que aplicam tecnologia de maneira inovadora para solucionar desafios e impulsionar avanços em suas áreas. Na categoria Inovação Social, o destaque será para iniciativas que promovem mudanças positivas na sociedade, impactam comunidades e ampliam o bem-estar coletivo. Por fim, a categoria Women in Tech valorizará alunas do Insper envolvidas em projetos do programa homônimo, reforçando a presença feminina nas áreas de tecnologia e engenharia.

Programa de Mentorias SBM/SBF/SBQ: saiba os principais desafios das Mentoras na 1ª edição
Assédio moral, inclusão universitária e maternidade são alguns dos temas tratados pelas professoras na iniciativa que visa o empoderamento de jovens profissionais na área científica
“Quanto mais somos, mais fortalecida é a nossa rede”. É dessa forma entusiasmada que Valéria Neves Domingos Cavalcanti, destaca a entrada da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) no Programa de Mentorias para Mulheres ao lado das Sociedades Brasileiras de Matemática (SBM) e Física (SBF). Valéria é a Coordenadora da ação.
Em vigor desde 2023, o Programa de Mentorias para Mulheres SBM/SBF/SBQ tem por objetivo empoderar jovens mulheres no início de suas carreiras para lidarem com os vários desafios em suas carreiras acadêmicas. Durante os dois primeiros anos, apenas com matemáticas e físicas, o projeto conseguiu cumprir vários propósitos e ajudou dezenas de pesquisadoras a combater desafios multifacetados e que refletem uma combinação de questões sociais, culturais e estruturais.

Carta à Comunidade Matemática
As Sociedades Científicas SBM, SBMAC e ABE vêm, por meio desta, expressar sua preocupação com a possível diminuição da representatividade de mulheres no próximo CA-Matemática e Estatística do CNPq. Com o término do mandato de vários membros em julho de 2025, três mulheres deixarão o comitê, resultando na ausência total de mulheres em sua composição remanescente, sendo necessário, portanto, recompor o referido comitê com pelo menos 30% de pesquisadoras mulheres. Esse cenário se agrava considerando que quatro mulheres já compuseram o Comitê recentemente. A composição atual remanescente reforça o histórico de sub-representação de mulheres no comitê.
A promoção da equidade de gênero tem sido uma prioridade para nossas sociedades científicas, que vêm desenvolvendo diversas ações para incentivar a participação feminina na matemática e estatística. Entre essas iniciativas, destacam-se eventos, discussões, programas de mentoria e esforços contínuos das comissões de gênero e diversidade. No entanto, a falta de representatividade de mulheres no CA-Matemática e Estatística vai na contramão dessas iniciativas e compromete o avanço dessas pautas em nossa comunidade.
Pesquisadoras Maria em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos conduzem pesquisa sobre a Violência Baseada no Gênero na Universidade
Olá! Somos as pesquisadoras Maria Beatriz Dionísio e Yasmin Curvelo, pós-graduandas em Psicologia na Universidade Federal de São Carlos (PPGPsi-UFSCar), sob orientação da profa. Sabrina Mazo D’Affonseca. Estamos conduzindo uma pesquisa sobre a Violência Baseada no Gênero na Universidade e queremos convidar estudantes mulheres, maiores de 18 anos, matriculadas a partir do 3° semestre/período em um curso de graduação ou pós-graduação, de universidades públicas ou privadas de todas as regiões do Brasil, para responderem a um formulário online e anônimo.
A pesquisa, aprovada pelo Comitê de Ética (CAAE: 78292024.3.0000.5504), tem o objetivo de validar o instrumento ALIS – Acolhimento, Liberdade, Inclusão e Superação, construído para mapear a violência baseada em gênero nas universidades brasileiras e descrever a situação atual dos casos de violência contra as mulheres e os efeitos em sua saúde, a partir dos dados encontrados.
O tempo para responder é de aproximadamente 25 minutos.
Link de acesso ao formulário: https://redcap.link/VBGnauniversidade
Instagram: @alispesquisa
Agradecemos sua participação e pedimos que, se possível, compartilhe com mais colegas que se encaixam nos critérios acima!
Maria Beatriz e Yasmin

Prêmio SBM: chamada para a edição de 2025
Premiação é realizada a cada dois anos junto ao Colóquio Brasileiro de Matemática
A Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) informa o lançamento da chamada para o Prêmio SBM 2025. Concedido a cada dois anos por ocasião do Colóquio Brasileiro de Matemática, o Prêmio tem como objetivo distinguir o melhor artigo original de pesquisa em Matemática publicado recentemente por um jovem pesquisador residente no Brasil. O julgamento é baseado nos critérios de originalidade, relevância, profundidade e potencial de impacto no desenvolvimento da respectiva área.
A premiação é concedida desde 2013 e, de lá para cá, já premiou cinco artigos. Nesta edição, o vencedor será agraciado com um diploma, remuneração de R$10.000,00 e um convite para apresentar uma palestra plenária durante o próximo Colóquio. O Prêmio é o mais prestigioso para a pesquisa matemática concedido no Brasil, considerado pela SBM sua principal iniciativa dentro da comunidade científica em prol da pesquisa de alto nível.

Inscrições abertas para o VII Colóquio de Matemática da Região Norte
Evento promovido pela SBM acontece de 6 a 10 de maio na UEA, em Parintins, com programação voltada ao ensino, pesquisa e divulgação da matemática
Estão abertas as inscrições para a 7ª edição do Colóquio da Região Norte, que será realizado de 6 a 10 de maio no Centro de Estudos Superiores de Parintins, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), na cidade de Parintins.
Promovido pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), o evento tem como objetivo fortalecer a pesquisa, o ensino e a divulgação da matemática, com foco especial nas sub-regiões menos desenvolvidas do Norte do Brasil. O Colóquio reúne estudantes, professores e pesquisadores, promovendo o intercâmbio acadêmico e a integração entre instituições.
🔴 LIVE
✍️ Marque na agenda: todas as quintas-feiras, a partir do dia 10 de abril, você tem um encontro marcado com os Medalhistas da OPMBr!
📐 A nova série de lives da SBM vai explorar as experiências dos Medalhistas da Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr) premiados com a viagem para conhecer pessoalmente o sistema educacional chinês.
🇨🇳 A OPMBr seleciona 10 professores de Matemática que se destacaram na competição para uma viagem de intercâmbio acadêmico-cultural internacional para a China, um dos países classificados entre os 10 melhores em Matemática no ranking do PISA.
📅 Quinta-feiras, a partir de 10/04
⏰ 19h
▶️ No canal do youtube da SBM: youtube.com/c/sbmatematica
🎥 Não perca essa oportunidade de aprender com quem viveu essa experiência!
III Workshop de Topologia Algébrica da Bahia (III WTAB)
O III Workshop de Topologia Algébrica da Bahia (III WTAB), realizado entre os dias 19 e 21 de março de 2025, foi um sucesso absoluto! O evento, sediado no Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Amargosa, reuniu mais de 100 participantes, entre pesquisadores, docentes e estudantes de diversas regiões do Brasil e do exterior, consolidando-se como um marco na disseminação e fortalecimento da Topologia Algébrica no estado.
Com o apoio fundamental da CAPES e do INCTMat, o III WTAB apresentou uma programação intensa e enriquecedora, composta por palestras, minicursos, apresentações de trabalhos e sessões de pôsteres, abordando tópicos contemporâneos e promovendo discussões acadêmicas de alto nível. A presença de especialistas de instituições renomadas, como USP, UFSCar, UNESP, UFBA, UFES, UFAL, UFPA, UESC, UESB, UFCA, UEMS, Bates College e Universidade da Flórida, fortaleceu a troca de experiências e conhecimentos, ampliando as perspectivas de colaboração entre pesquisadores.
Desde 2015, o evento tem sido essencial no crescimento da comunidade de Topologia Algébrica na Bahia, contribuindo para a formação de uma rede colaborativa e produtiva. Ao longo desses dez anos, foram realizadas quatro edições de Jornadas e dois Workshops, com a participação de cerca de 500 estudantes de graduação, além de pesquisadores e professores. O evento tem fortalecido o intercâmbio de ideias e consolidado a presença da Topologia Algébrica na Bahia, com um aumento expressivo no número de pesquisadores e participantes.
Agradecemos imensamente à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, ao Centro de Formação de Professores, à CAPES, ao INCTMat, aos colegas organizadores e a todos os participantes que contribuíram para o êxito do III WTAB. A presença de tantos pesquisadores qualificados e dedicados reforça o compromisso da comunidade matemática com a difusão e o fortalecimento da Topologia Algébrica no Brasil.
Seguimos motivados e confiantes no crescimento da área, certos de que eventos como este continuarão impulsionando a produção científica e a formação de novos pesquisadores.

SBM e SBMAC organizam I Encontro Conjunto Brasil-México em setembro
Fortaleza será sede de joint meeting em um evento formatado com palestras e sessões temáticas sobre diversos temas de pesquisa em Matemática Pura e Aplicada e espaços para discutir financiamento e cooperação mútua entre as nações latino-americanas
O Hotel Mareiro, em Fortaleza, será a casa do I Encontro Conjunto Brasil-México em Matemática, de 8 a 12 de setembro. O evento é uma organização das Sociedades Brasileiras de Matemática (SBM), de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), da Sociedade Mexicana de Matemática (SMM) e da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Além de apoiar, disseminar e incentivar a colaboração e o desenvolvimento de projetos trabalhos em Matemática já estabelecidos entre cientistas e instituições do Brasil e México, o encontro ajudará a dimensionar a interação já existente entre as nações, permitindo um mapeamento mais preciso das redes de pesquisa na América do Sul e América do Norte.

Nota de pesar: Sergio Muniz Oliva Filho
É com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento do Professor Associado 3, Dr. Sergio Muniz Oliva Filho, uma perda imensurável para a comunidade acadêmica e científica.
Dr. Sergio Muniz Oliva Filho teve uma trajetória brilhante na Universidade de São Paulo, onde contribuiu de forma significativa para o avanço do conhecimento em Matemática Aplicada. Sempre comprometido com a divulgação do conhecimento e com forte atuação na promoção da cultura e extensão universitária, também se destacou no fortalecimento de cooperações acadêmicas. Serviu como diretor-adjunto da área de Relações Acadêmicas Internacionais da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional. Mais recentemente, exercia o cargo de diretor do Instituto de Matemática e Estatística da USP, ao qual se dedicou incansavelmente.

Nota de pesar: Ronaldo Dias
Faleceu, no último dia 28 de março de 2025, o estatístico Ronaldo Dias, aos 65 anos de idade. Carinhosamente conhecido como Ronaldinho, ele foi professor titular do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), tendo uma trajetória acadêmica marcada por contribuições significativas para a Estatística no Brasil e no exterior.
Graduado em Estatística pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e mestre pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ronaldo Dias seguiu para o doutorado na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, onde desenvolveu pesquisas inovadoras sob a orientação da renomada estatística Grace Wahba. Seu trabalho se destacou especialmente nas áreas de estimação de densidade, regressão funcional e splines híbridos, com aplicações fundamentais na Estatística moderna e na Aprendizagem de Máquina.
CRONOGRAMA DE EVENTOS SBM
PRÓXIMOS EVENTOS:
2025
- 7º Colóquio de Matemática da Região Norte – UEA, Parintins/AM – 06 a 10 de maio de 2025;
- 9º Encontro Brasil-Portugal IST-IME – IME USP, São Paulo/SP – 04 a 08 de agosto de 2025
- II Semana Nacional de Iniciação Científica da SBM – UFPA, Belém/PA – 18 a 22 de agosto de 2025
- Encontro Conjunto Brasil-México em Matemática – Fortaleza/CE – 08 a 12 de setembro de 2025;
- Workshop da SBM de Mulheres na Matemática – Maceió/AL – 01 a 03 de outubro;
- 6º Colóquio de Matemática da Região Sul – UFSM, Santa Maria/RS – 06 a 10 de outubro de 2025;
- II Encontro Nacional do PROFMAT – UFMS, Campo Grande/MS, 15 a 18 de outubro de 2025;
- 1º Encontro Nacional em Popularização da Matemática – UNICAMP, Campinas/SP, 03 a 05 de dezembro de 2025.
2026
- XII Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática – UFRN, Natal/RN – junho de 2026;
- 5º Colóquio de Matemática da Região Sudeste – UFRJ, Rio de Janeiro/RJ – 31 de agosto a 04 de setembro de 2026;
- 7º Colóquio de Matemática da Região Nordeste – UFPE, Recife/PE – 23 a 27 de novembro de 2026.
COLUNA PROFMAT: PARA ALÉM DAS CONTAS
Colaborações do Profmat na formação do pensamento crítico
Por Fábio Xavier Penna
A Matemática muitas vezes é vista como uma disciplina árida, repleta de cálculos e fórmulas a serem memorizadas. No entanto, seu verdadeiro potencial vai além disso: ela pode ser uma ferramenta poderosa para desenvolver o pensamento crítico e criativo nas pessoas. Para que isso aconteça, o papel do professor se torna essencial, e o Profmat tem contribuído para fortalecer essa perspectiva dentro da sala de aula. Na coluna de hoje apresentarei alguns exemplos de produções de egressos do programa cujo foco é o desenvolvimento da criatividade e da análise crítica. Todos os trabalhos citados estão disponíveis no banco de dissertações do site do Profmat.
A dissertação de Rodrigo Mota Marinho, intitulada “Concepções de professores sobre criatividade e pensamento crítico em Matemática – Proposição de Instrumento”, foi desenvolvida na UFT sob a orientação da professora Alcione Fernandes e defendida em 2020. O trabalho considera a seguinte questão: “que características associadas ao pensamento crítico e criativo são reconhecidas pelos professores de matemática como constituintes dos seus processos formativos e de suas práticas pedagógicas?” Nesta direção, o estudo propõe um formulário para investigação e análise das percepções de professores da Escola Básica sobre pensamento crítico e criativo na matemática. A dissertação também apresenta três exemplos de questões do ENEM com abordagens que estimulem a criatividade e a criticidade do estudante.
Outro exemplo interessante é o trabalho de Fabrizio Fidelis da Silva, denominado “Explorando o Teorema de Pitágoras na perspectiva do pensamento crítico e criativo em matemática”, elaborado na UnB sob a orientação do professor Cleyton Gontijo. O autor parte do princípio de que atividades criativas são “aquelas que mobilizam o pensamento divergente na produção de soluções para os problemas, isto é, que favorecem a produção de muitas ideias ou alternativas para resolver uma situação-problema a partir de um ponto de partida.” Após extensa revisão bibliográfica, Fabrizio Silva propõe uma sequência didática, no formato de oficina, baseada na criatividade e no raciocínio lógico para tornar o ensino do Teorema de Pitágoras mais dinâmico. Sua abordagem é adequada tanto para o ensino fundamental como para a Educação de Jovens e Adultos (EJA), e demonstra que, ao invés de apenas memorizar fórmulas, os alunos podem ser incentivados a explorar conceitos matemáticos de maneira investigativa, promovendo um aprendizado mais profundo e significativo.
Já na dissertação “Proposta de uma sequência didática para aulas de educação financeira no ensino básico a partir dos pressupostos da Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica (TASC)”, defendida em 2023 no IFSP sob a orientação do professor Amari Goulart, o egresso Allan Victor Pereira defende que o aprendizado da matemática pode ajudar os alunos a tomar decisões financeiras conscientes e evitar armadilhas econômicas, promovendo uma postura reflexiva diante da sociedade de consumo. O autor se baseia na TASC, desenvolvida por Marco Antônio Moreira (UFRGS), segundo a qual não basta viver e integrar-se na sociedade contemporânea adquirindo novos conhecimentos de maneira significativa, mas é necessário também ser crítico desta sociedade. No que diz respeito à aprendizagem, essa criticidade é guiada por princípios como adotar estratégias didático-pedagógicas diversas (abandono do quadro-de-giz) e referências bibliográficas variadas (abandono do “livro texto”), estimular o questionamento ao invés de dar respostas prontas, ter consciência da incerteza do conhecimento humano, dentre outros.
Esses estudos demonstram que, quando bem aplicada, a matemática pode ser uma grande aliada no desenvolvimento do pensamento crítico e criativo. O desafio dos professores, portanto, vai além de ensinar números: eles têm a missão de formar cidadãos mais questionadores, reflexivos e preparados para os desafios do mundo contemporâneo. E o Profmat surge como um importante espaço de formação para aqueles que querem transformar a maneira como a matemática é ensinada no Brasil. Afinal, ensinar matemática não é apenas ensinar a contar, mas sim ensinar a pensar.
COLUNA ENSINO DA MATEMÁTICA
Por Cydara Cavedon Ripoll
Escreve hoje sobre pensamento estatístico no ensino de Matemática a Professora Flávia Landim, do Departamento de Métodos Estatísticos do IM/UFRJ. Junto com a Professora Letícia Rangel, Flavia coordena o projeto de extensão da UFRJ chamado Projeto Fundão: Estatística e Probabilidade cuja meta é contribuir para a formação continuada de docentes da Educação Básica, produzindo material de apoio para o desenvolvimento do letramento estatístico na etapa escolar.
A inclusão do conteúdo de estatística na etapa escolar é um marco ao redor do mundo. Embora existam muitas diferenças nos variados currículos, há o consenso de que a estatística deve ser incluída na unidade curricular de matemática, possivelmente devido à necessidade de várias habilidades matemáticas na resolução de um problema de investigação estatística.
O pensamento estatístico está, de alguma forma, relacionado à tomada de decisão na presença de incerteza, razão pela qual está fortemente conectado ao pensamento probabilístico. Ainda que não haja uma definição precisa de pensamento estatístico, é possível estabelecer elementos importantes que o caracterizam (Wild e Pffankuch, 1999). Para a etapa escolar, destaco três elementos: (i) o reconhecimento da necessidade de dados, (ii) a transnumeração e (iii) a consideração da variabilidade. Transnumeração pode ser descrita como a modificação de representações de dados para facilitar sua leitura ou para produzir informações. Quando estudantes, a partir de uma tabela de distribuição de frequências das respostas de uma variável qualitativa, constroem uma representação visual dessa distribuição, usam transnumeração.
O termo letramento estatístico refere-se a uma competência a ser alcançada por estudantes de modo a terem ferramentas necessárias para usar, ao longo de suas vidas, o pensamento estatístico. Gal (2021) define letramento estatístico como “a motivação e a capacidade de acessar, compreender, interpretar, avaliar criticamente e, se relevante, expressar opiniões a respeito de mensagens estatísticas, argumentos relacionados a dados ou questões envolvendo incerteza e risco”.
Quando analisamos as habilidades específicas de estatística na unidade curricular de matemática da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), podemos fazer uma correspondência com os três elementos destacados. Um exemplo dessa correspondência no oitavo ano do Ensino Fundamental é a presentado a seguir.
Habilidade | Elemento(s) do pensamento estatístico |
EF08MA23: Avaliar a adequação de diferentes tipos de gráficos para representar um conjunto de dados de uma pesquisa. | Transnumeração |
EF08MA24: Classificar as frequências de uma variável contínua de uma pesquisa em classes, de modo que resumam os dados de maneira adequada para a tomada de decisões. | Transnumeração e consi-deração da variabilidade |
EF08MA25: Obter os valores de medidas de tendência central de uma pesquisa estatística (média, moda e mediana) com a compreensão de seus significados e relacioná-los com a dispersão de dados, indicada pela amplitude. | Transnumeração e consi-deração da variabilidade |
EF08MA26: Selecionar razões, de diferentes naturezas (física, ética ou econômica), que justificam a realização de pesquisas amostrais e não censitárias, e reconhecer que a seleção da amostra pode ser feita de diferentes maneiras (amostra casual simples, sistemática e estratificada). | Reconhecimento da ne-cessidade de dados e consideração da variabili-dade |
EF08MA27: Planejar e executar pesquisa amostral, selecionando uma técnica de amostragem adequada, e escrever relatório que contenha os gráficos apropriados para representar os conjuntos de dados, destacando aspectos como as medidas de tendência central, a amplitude e as conclusões. | Reconhecimento da ne-cessidade de dados, transnumeração e consi-deração da variabilidade |
Fonte: Brasil, 2018 – adaptado
Cabe alertar que habilidades como a EF08MA27 propõem a resolução de um problema de investigação estatística, contribuindo efetivamente para o desenvolvimento do letramento estatístico. No entanto, a ordem na qual estão incluídas na BNCC (última ou penúltima habilidade de matemática para os anos do Ensino Fundamental) é inadequada, caso o elaborador do currículo escolar siga a ordem indicada. Em geral, é nessa ordem que elas estão incluídas nos livros didáticos. De fato, para trabalhar tais habilidades, há um caminho a ser percorrido, sendo necessário fazer um planejamento didático que compreenda tempo suficiente para desenvolver cada uma das etapas: realizar pesquisas sobre o contexto da investigação, formular uma questão de investigação, decidir que dados serão considerados, obter os dados, organizar os dados e resumir os resultados obtidos. Percorrer esse extenso caminho é inerente ao desenvolvimento do letramento estatístico e não é viável fazer isso no final de um ano letivo.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. (2018). Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília, DF.
GAL, Iddo. (2021) Promoting statistical literacy: Challenges and reflections with a Brazilian perspective. In: MONTEIRO, Carlos; CARVALHO, Liliane (org). Temas emergentes em letramento estatístico. Recife: Ed. UFPE, v.1, p.37-59.
WILD, C. J.; PFFANKUCH, M. (1999), Statistical thinking in empirical enquiry. International Statistical Review, v. 67, n. 3, p. 223-248.
COLUNA DIVULGAÇÃO MATEMÁTICA
Olhares sobre Olimpíadas Científicas – Parte 1
Por Miriam Telichevesky
Este texto é o primeiro de alguns que pretendo direcionar para refletirmos sobre o potencial das Olimpíadas Científicas no contexto da divulgação/popularização da Ciência. Começo contando uma vivência que me fez ter certeza que Olimpíadas são, sim, atividade com este grande potencial.
Há alguns anos conheci a Cristina Meneguello, professora de História na Unicamp, fundadora e até então coordenadora da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), atualmente também representante do Fórum Nacional de Olimpíadas Científicas junto ao Comitê Pop Ciência. Com isso, ela tem me trazido muitos pontos de vista bem sobre o assunto. E como se não bastassem nossas conversas, ano passado ela me convidou para participar da final da ONHB.
A Olimpíada funciona por equipes, formadas por 3 estudantes e 1 docente orientador, e tem muitas fases (algumas classificatórias, outras eliminatórias) online. Ao contrário do que o senso comum possa induzir a imaginar, não são fases feitas com base em perguntas e respostas: muitas fases se parecem mais como tarefas de gincana, “imitando” de certa forma a profissão do historiador. Em 2024, por exemplo, as equipes tiveram que fazer a historiografia de um documento. Outra tarefa consistiu em pesquisar em suas comunidades objetos antigos que fizessem parte da história local. Ouvi relatos de que esta fase trouxe a possibilidade de recontar a história de um dos municípios envolvidos sob a perspectiva de mulheres tecelãs, que haviam sido historicamente apagadas, demonstrando grande envolvimento de comunidades na realização das tarefas.
Para a final, as equipes finalistas de todo o país se deslocam até a Unicamp. No sábado pela manhã realizam uma prova dissertativa, que são corrigidas por uma banca durante a tarde e a noite do mesmo dia. É feita a classificação dos vencedores levando em conta tanto o desempenho nas fases anteriores quanto na prova final, e no domingo pela manhã aqueles quase mil jovens se reúnem para a entrega das medalhas no ginásio. A energia deste momento é indescritível. Tive o privilégio de entregar algumas medalhas – que são surpresa, anunciadas na hora, imaginem a adrenalina!
Há outras atividades que tornam esta final um evento apaixonante, e o desejo de participar dela impulsiona as equipes a se esforçarem muito para terem essa chance. O engajamento nas tarefas leva participantes a compreenderem que a História se constrói como Ciência por diferentes tipos de pesquisa, e que definitivamente a História apresentada em contextos escolares é apenas uma ínfima parte deste conhecimento. Desde a criação da ONHB, as inscrições para o curso de História na UNICAMP têm crescido anualmente. Alguns participantes das primeiras edições já estão na equipe elaboradora e corretora de provas. Os efeitos de incentivo a seguir nessa carreira são visíveis entre participantes.
Depois dessa belíssima imersão que minha amiga Cristina me proporcionou, virei uma entusiasta de Olimpíadas Científicas, e passei a olhar com ainda mais carinho (e crítica) para as olimpíadas matemáticas, sobre as quais trarei mais reflexões nos próximos textos.
COLUNA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
Textos sobre a Escrita da História da Matemática no Brasil
Por Sergio Roberto Nobre & Mônica Siqueira
Consta às páginas 13, 14 e 15 do “Termo de Grau de Doutor nº1, 1846-1858”, disponível no Acervo do Museu da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, informações sobre as primeiras dissertações de Doutorado apresentadas à Escola Militar. O quadro abaixo informa as datas de entrega e os nomes dos seis primeiros doutores:
Quadro1: Primeiras Dissertações de Doutorado apresentadas à Escola Militar
Data de entrega | Autor |
22/12/1847 | Manuel da Cunha Galvão |
01/02/1848 | João Baptista de Castro Moraes Antas |
05/02/1848 | Ignacio da Cunha Galvão |
03/03/1848 | Francisco Joaquim Catête |
06/03/1848 | Manoel Caetano de Gouvêa Junior |
06/04/1848 | Luiz Affonso d’Escragnolle |
Fonte: Dissertações de Doutorado
O primeiro Doutor em Ciências Matemáticas a entregar uma dissertação de Matemática no Brasil: Manuel da Cunha Galvão
Manuel da Cunha Galvão nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, em 27 de setembro de 1822, e faleceu em 27 de março de 1872. Era filho de Manuel Raimundo Galvão e de Joaquina Teodora da Cunha, e irmão do tenente-coronel Ignacio da Cunha Galvão. Casou em 30 de dezembro de 1854, no Rio de Janeiro, com Clemencia Augusta de Sales. Tiveram dois filhos: Julieta de Sales Galvão, nascida em 06 de outubro de 1855, no Rio de Janeiro, que se tornou a 2.ª viscondessa da Graça, título português por seu casamento e não deixou filhos e Alberto de Sales Galvão, nascido em 22 de maio de 1861, no Rio de Janeiro. Manuel da Cunha Galvão obteve o título de bacharel em letras pela Universidade de Paris. Serviu no corpo de engenheiros do exército até a patente de capitão. Depois de deixar o exército foi chefe de obras públicas e navegação e contribuiu para a criação da Secretaria de Estado dos negócios da agricultura, comércio e obras públicas, que depois daria origem tanto ao Ministério da Agricultura, quanto ao dos Transportes. Foi presidente da província de Sergipe, nomeado por carta imperial de 31 de janeiro de 1859, empossado em 07 de março de 1859, e deixou o cargo em 15 de agosto de 1860.
A dissertação de Manuel da Cunha Galvão: um breve resumo
Manuel da Cunha Galvão escreveu a dissertação intitulada “O Systema Planetário”. A mesma foi entregue em 22 de dezembro de 1847 e, conforme o regulamento, o tema deveria ser escolhido pelo bacharel dentro de um dos assuntos que se ensinavam nos três últimos anos. A escolha de Manuel da Cunha Galvão se volta à disciplina que era ministrada no quarto ano primeira cadeira: Astronomia. Na introdução do trabalho, Manuel comenta da dificuldade em não se ter um orientador para conduzir o caminho da pesquisa, desde a escolha do tema até o desenvolvimento da mesma. Mas vale lembrar que, naquela época, para obter o título de doutor, a dissertação não seria julgada por seu conteúdo, mas somente por não haver nada que desonrasse as pessoas ou a coroa. O autor deixa claro que a escolha do tema foi dele, como estava previsto no Regulamento de 1846.
A dissertação de Manuel da Cunha Galvão foi desenvolvida em trinta e duas páginas e apresenta, ao final, uma página com figuras. Seu texto está dividido em alguns subtítulos, como podemos ver no quadro 2.
Quadro 2: Divisões da Dissertação de Manuel da Cunha Galvão
Subtítulo | Página |
Prefácio | 1 |
Utilidade da Astronomia | 4 |
Systemas Diversos | 6 |
Leis de Kepler | 8 |
Da Attracção Universal | 10 |
Movimento dos Planetas | 13 |
Determinação das Distâncias dos Astros | 17 |
Determinação do Volume, da Massa e da Densidade dos Planetas | 18 |
Massa dos Planetas | 19 |
Densidade dos Planetas | 20 |
Dos tres Planetas Modernos | 21 |
Planeta Le Verrier | 22 |
Da Terra | 24 |
Sua Revolução | 24 |
Da Gravidade sobre a Superfície da Terra | 25 |
Da figura da Terra e de sua Grandeza | 25 |
Comparação da Massa da Atmosfera com a Massa da Terra | 25 |
Altura da Atmosfera Terrestre | 26 |
Dos Cometas | 27 |
Das Estrellas | 28 |
Fonte: Dissertação de Manuel da Cunha Galvão. Arquivos da Autora.
Imagem 1: Capa da Dissertação de Manuel da Cunha Galvão
Fonte: Dissertação de Manuel da Cunha Galvão. Arquivos da Autora.
Obra de Referência: Siqueira Martines, Mônica de Cássia; Nobre, Sergio. 2017. O primeiro doutor em ciências matemáticas no brasil: Manuel da Cunha Galvão. Revista Brasileira de História da Matemática – an international journal on the History of Mathematics, Vol. 17 nº 33 – pág. 31-48. Disponível em https://rbhm.org.br/index.php/RBHM/article/view/38
COLUNA ENSINO UNIVERSITÁRIO DA MATEMÁTICA
Se existe, cadê?
Por Carlos Tomei e Ricardo Miranda Martins
Falar de existência em geral é complicado. Para eliminar a possibilidade de interpretações, digamos, metafísicas, vamos nos limitar a o que chamamos de existência na nossa maneira habitual de pensar matemática — dada uma propriedade e um conjunto, será que algum elemento dele satisfaz essa propriedade?
Ainda assim, a distinção entre a existência de um objeto e sua descrição explícita é fundamental e aparece em diversos contextos. O que dizer de números reais? 2?
Pelo Teorema Fundamental da Álgebra, todo polinômio não constante com coeficientes complexos possui pelo menos uma raiz. Como dizia o Profeta Malaquias, “Se tem x, tem raiz”. No entanto, encontrar essa raiz de forma exata ou explícita pode ser um desafio, especialmente para polinômios de grau superior a quatro, onde não há fórmula geral para as soluções que dependa somente dos coeficientes do polinômio. Para uma aproximação de 2 com seis casas decimais (mas em base 60), dê uma lida sobre YBC 7289.
Aplicações de matemática levam a charadas – equações algébricas, diferenciais – e a falta de solução explícita é frequentíssima. Essa preocupação deveria fazer parte do que ensinamos em nossos cursos de serviço. Fica a impressão que os cursos de cálculo são cursos de cálculo exato. E para isso temos que inventar funções especiais (senos, exponenciais…).
É hora ativar um pouco de análise numérica em nossas disciplinas. De quebra, a gente ensina um pouco de programação de forma concreta: cálculo e computação ganham juntos. O método de Newton obtém uma melhorada m a partir de um chute c para a solução de f(x)=0,
m=c-f(x)f'(x),
e é um ótimo exemplo de iteração (‘for i from 1 to n do’).
Já o método da bisseção é perfeito para apresentar o condicional, ‘if-then-else’. O método tem um certo mistério: sabemos que a raiz está ali e conseguimos isolá-la cada vez mais, mas sem necessariamente “vê-la”.
Outros exemplos de objetos que existem mas que não têm descrição explícita aparecem ao tentar integrar funções ou resolver equações diferenciais. Aliás, daí surge a oportunidade de mostrar aos alunos que novas palavras servem justamente para expandir o conjunto de soluções que consideramos explícitas. Todos nós provavelmente estranhávamos ex. Mas a familiaridade deve ter nascido depois de abundantes manifestações. Quanto às funções de Airy, Kummer, mesmo Bessel, uma função especial nem tão especial assim, a familiaridade oscila muito mesmo entre profissionais.
Um exemplo interessante, aliás, é a equação muito geral x'(t)=f(x(t)), x(a)=b, onde, digamos, x toma valores reais. O próprio Newton sugeriu calcular x(a), x'(a), x”(a), e considerar a aproximação de x(t) pelo polinômio que tem essas derivadas em a – quantas derivadas devem ser calculadas ficava por conta do usuário (pois é, não um teórico, mas alguém interessado numa aplicação). Em nossos cursos, em vez disso, resolvemos equações lineares de segunda ordem usando somatórios, sem nem chamar a atenção do exemplo mais geral. Para alguns, o objetivo é ensinar a lidar com somatórios.
Para um dos autores (T.), o seno ganhou em concretude quando foi comparado com p7, sua aproximação de Taylor de grau 7 em zero: para x[0,/4], vale |p7(x)-(x)|<(3,2)10-7 Uma expressão aparentemente abstrusa era praticamente um polinômio. Newton deve ter pensado parecido: a dificuldade em matemática não é essa. Isso bastou para aceitar o seno de uma matriz, de um operador limitado.
Continuaremos a falar sobre “existências” no próximo mês.
COLUNA MATEMÁTICA OLÍMPICA
Por Vinicius de Carvalho Rispoli