Nova presidente da CAPES comenta os desafios da entidade

Mercedes Bustamante conversou com a SBM e trouxe os detalhes do que será feito pela Coordenação

No início deste ano, mais precisamente no dia 6 de janeiro, o Ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou que a professora da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Bustamante seria a nova Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Mercedes, que faz parte do seleto grupo de pesquisadores que integram a Academia Mundial de Ciências (TWAS) – inclusive ao lado da Vice-Presidente da SBM, Jaqueline Mesquita – foi recentemente uma das palestrantes no I Workshop das Laureadas do Torneio Meninas na Matemática (TM2), evento promovido pela Sociedade.

Com seu nome devidamente oficializado no Diário Oficial da União (DOU), Mercedes conversou com a reportagem da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) sobre a nomeação, as expectativas e as responsabilidades para o novo cargo. “Fiquei muito honrada por reconhecer a grande relevância da missão da CAPES para o país. Por já ter sido da gestão da CAPES, em 2016, também reconheço a competência e a dedicação de seu quadro de servidores”, afirmou a nova Presidente, que também detalhou o processo de conversa antes da nomeação. “Conversamos quando o convite foi feito. A atuação prévia do ministro Camilo Santana e da secretária-executiva Izolda Cela no âmbito da Educação reforçou a proposta de uma equipe com foco na reconstrução das ações do MEC”, enfatizou.

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a nova presidente tem como um de seus destaques a forte atuação em assuntos de meio ambiente. Ela é mestre em Ciências Agrárias (Fisiologia Vegetal) pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e doutora em Geobotânica pela Universidade de Tréveris, na Alemanha. O currículo de Bustamante é extenso, com experiência na área de Ecologia com ênfase em Ecologia de Ecossistemas, atuando principalmente nos temas: cerrado, mudanças no uso da terra, biogeoquímica e mudanças ambientais globais.

Mercedes Bustamante já atuou nos mais variados projetos, sendo membro de diversos comitês científicos, coordenadora e diretora de programas e ainda eleita membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Diante de tamanha experiência, ela explica como está sendo o início do trabalho à frente da CAPES. “Nesse primeiro mês, estamos indicando como prioridade o restabelecimento do diálogo com entidades representativas, incluindo as sociedades científicas. Estamos no processo de elaboração do novo Plano Nacional de Pós-graduação e contamos com a promoção de um debate amplo para discutir os caminhos da pós-graduação”, disse Mercedes.

Na semana passada, o Governo Federal anunciou o reajuste em bolsas de graduação, pós-graduação, iniciação científica e Bolsa Permanência. O reajuste varia entre 25% e 200% e será válido em todo Brasil, começando a vigorar a partir de março deste ano. Para a Presidente, é necessário que a população tenha ciência do protagonismo e da importância da ciência para a evolução do país. “Precisamos comunicar claramente quais as contribuições da ciência e da educação para a sociedade, apontando como tais investimentos são capazes de devolver ao país qualidade de vida, redução de desigualdades e crescimento econômico com sustentabilidade ambiental.”

Por fim, a mandatária explicou quais serão os focos do seu trabalho enquanto estiver na presidência da CAPES. “O primeiro passo importante já foi dado com o reajuste das bolsas de pós-graduação e de formação de docentes da educação básica. Conseguimos retomar, também, parte dos recursos de custeio para os programas de pós-graduação. Vamos trabalhar com os coordenadores de áreas de avaliação – indicados pela comunidade acadêmica – para aprimorar os mecanismos de avaliação. Na área de Internacionalização estamos retomando várias parcerias e vamos buscar também novas frentes de cooperação internacional, sobretudo no eixo Sul-Sul. Nas ações de Educação Básica vamos ampliar as bolsas de Iniciação à Docência e esperamos revitalizar a Universidade Aberta do Brasil. Precisamos também avançar nas questões de inclusão e diversidade e em como a educação e ciência podem apoiar a resolução dos grandes desafios nacionais” finalizou.