XI Bienal de Matemática impressiona pela variedade de atividades no 1º dia em São Carlos 

Evento promovido pela SBM ocorre até a próxima sexta-feira (2) na UFSCar e conta com mais de 700 participantes, desde crianças a professores universitários

A XI Bienal acontece até a sexta-feira (2) | Foto: SBM

Até a próxima sexta-feira (2), São Carlos será a capital da tradicional Bienal de Matemática, promovida pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Em 2024, o evento chega à sua 11ª edição e é um dos mais importantes do calendário com o objetivo de divulgar o conhecimento matemático no país. A programação ocorre na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

A realização da Bienal marca o retorno do evento ao estado paulista após mais de uma década. A programação inclui atividades como mesas-redondas, oficinas, apresentação de trabalhos científicos, palestras e minicursos, voltadas a todos os públicos, de crianças a pesquisadores. 

Para São Carlos, o gostinho é ainda mais especial, já que é a primeira vez que o município recebe as atividades que aliam um toque lúdico, o uso de truques, mágicas e exposições para comprovar a beleza e a utilidade da disciplina desafiadora a milhares de estudantes. 

Ana Beatriz de Oliveira, reitora da UFSCar, reconhece que a Bienal é de fundamental importância para a instituição manter um dos seus objetivos principais, que é continuar sendo referência nos eventos mais célebres do Brasil na área do conhecimento. 

“Desde o início da gestão, trabalhamos para que a UFSCar voltasse a ter evidência no cenário nacional. A Bienal aqui só fortalece a instituição, nos dá visibilidade, não somente para a universidade, mas para o município de São Carlos, que é considerado a capital da tecnologia. Na cerimônia de abertura, sentimos um ‘friozinho’ na barriga, já que, desde a pandemia, a UFSCar não recebia um evento tão grande. Por isso, mobilizamos as equipes das pró-reitorias e da infraestrutura para a organização do evento ser a melhor possível”, explica a professora do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da UFSCar.

A reitora da UFSCar falou na abertura do evento | Foto: SBM

Monitores combinam mágica com Matemática

No primeiro dia, a UFSCar testemunhou uma Bienal repleta de atividades criativas e instigantes, fomentando de forma ímpar a investigação e a curiosidade entre os seus participantes. O destaque foi o tema “Matemática marker com Genius Square: jogos, quebra-cabeças e materiais pedagógicos que mostram como a matemática pode ser divertida e envolvente”.

Estudante de Bacharelado em Matemática da UFSCar, Loren Ubiali é monitora da Bienal e se impressionou com o interesse do público com os truques e os artefatos lúdicos ao apresentar uma nova forma de ensinar a disciplina. 

“Quis participar como monitora da Bienal para ter contato com o público, para mostrar as mágicas, pois, por trás delas, há os preceitos matemáticos. Além de teoremas e demonstrações, a Matemática é muito mais bonita do que isso. Então, está sendo muito legal. Há crianças e adultos que se impressionaram com as mágicas. É muito interessante ver a reação deles, pois vejo que estão gostando”, relata. 

Ver a satisfação dos participantes ao ter contato, muitas vezes, pela primeira vez com uma nova forma de observar a Matemática é gratificante, diz a também monitora Beatriz dos Santos Serafim. 

“Sempre participei do Programa de Educação Tutorial (PET) da UFSCar e estamos ligados a atividades da universidade. Surgiu a oportunidade de participar da Bienal e gosto de apresentar essas brincadeiras. É muito legal quando a gente apresenta um truque e vê a reação deles, o quanto eles ficam impressionados, dá para notar no rosto deles. Isso traz um ‘calorzinho’ para nosso coração”, celebra a estudante de Licenciatura em Matemática em São Carlos. 

Diferentes atividades lúdicas estão sendo realizadas na XI Bienal | Foto: Bienal

Pais e filhos em sintonia 

A Bienal tem o poder também de reunir crianças que já gostam do mundo divertido da Matemática. É o caso da jovem Maria Inês, de apenas oito anos e que já conquistou a medalha de prata da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). A pernambucana está junto da mãe em São Carlos e adorou tudo o que pôde acompanhar na segunda-feira. 

“Minha relação com a Bienal começou em 2008, quando participei da edição em João Pessoa e, depois, fui à do Rio de Janeiro. É um evento que gosto bastante e, sempre que possível, participo”, relata Islanita Cecília Alcântara de Albuquerque Lima, professora de Matemática da Universidade de Pernambuco (UPE). 

Mesmo ainda bem longe de precisar escolher uma profissão, a pequenina Maria Inês já pensa em ser professora. E Islanita revela que tenta estimular ao máximo mais habilidades na sua pequena notável. 

“Ela tinha essa habilidade com números desde muito cedo. Nas horas vagas, ela me pede para estudar Matemática com ela. Eu me esforço para acompanhá-la nas tarefas, especialmente da disciplina. Ela tem os problemas do livro, daí entro com outros problemas. Pego algumas provas de edições passadas de Olimpíadas Mirins para ela estudar, daí depois conferimos o gabarito para ver o que acertou, o que errou, e construímos mais questões em cima”, conta. 

Segundo Jaqueline Mesquita, presidente da SBM, a missão do evento é evoluir o ensino de Matemática em todos os níveis, desde a formação dos estudantes até a capacitação dos professores. E a edição de 2024 é bem propícia, já que conta com uma programação variada de atividades até sexta-feira. 

“Estamos muito animados com a Bienal. Temos muitos inscritos e isso mostra que várias pessoas de diferentes regiões do Brasil vieram prestigiar o evento, que está bastante rico. A Bienal conta com uma sessão especial para as Olimpíadas, há uma sessão para professores de Matemática da rede básica de ensino, sessões que debatem o ensino da Matemática, também teremos uma noite de autógrafos com autores de livros da editora da SBM”, detalha Jaqueline, que confia que o objetivo da SBM será alcançado em todos os níveis até o encerramento. 

Jaqueline ressaltou a presença de participantes de distintos estados brasileiros | Foto: SBM

“O que mais queremos é divulgar a Matemática para esse público e que consigam entender a importância da ciência no dia a dia deles. É muito importante que as crianças tenham contato com a Matemática desde cedo, ver o prazer por trás dela, do poder de serem desafiados e entenderem a lógica, já que a Matemática está por trás de tudo no cotidiano”, completa a professora da Universidade de Brasília (UnB). 

Objetivos da Bienal

Fortalecer os projetos educacionais e aproximar a comunidade do conhecimento matemático também é um sonho para a UFSCar, confirma Ana Beatriz de Oliveira. “Espero que a gente possa fortalecer os projetos de atração de jovens para educação superior, que é o que a UFSCar tem feito, com um olhar especial para a área de Matemática. Esperamos trabalhar na perspectiva de atrair não somente jovens, mas mulheres para a área de conhecimento, para que nosso país melhore nos indicadores de desempenho”, completa a reitora da UFSCar. 

A organização estipula mais de 700 inscritos nos cinco dias de Bienal de Matemática. Para o professor César Rogério de Oliveira, integrante do Programa de Pós-Graduação em Matemática (PPGM) da UFSCar, o legado do evento já está sendo construído desde o primeiro dia ao reunir alunos de graduação, pós e pesquisadores de diversos segmentos da área. 

“Essa integração de estudantes e professores, de diversos âmbitos, forma a riqueza da Bienal. As nossas expectativas estão sendo atendidas, que é promover a motivação de todas essas pessoas continuarem estudando Matemática, melhorarem suas aulas, suas pesquisas, seus desempenhos em Olimpíadas. Essa interação sempre abre novos horizontes, pois exige do profissional sair de sua ‘bolha’”, finaliza o coordenador da XI Bienal. 

O que vem no 2º dia

A programação desta terça-feira (30) segue em São Carlos com plenárias no período da manhã e atividades variadas após o almoço. Os participantes poderão acompanhar minicursos, exposições de pôsteres, oficinas, mesas-redondas e mais apresentações lúdicas.

O tema do dia nas apresentações será “Jogos educacionais de matemática: jogos que podem transformar o aprendizado da matemática em uma aventura emocionante”. A programação completa está disponível no site da XI Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática

As inscrições têm custo que podem variar de acordo com a categoria do participante, desde alunos da Educação Básica até professores de Ensino Superior. Os associados da SBM ganham desconto. Os preços estão disponíveis na aba respectiva do site do evento. 

Já imaginou aprender matemática a partir de jogos? | Foto: SBM