Universidade de Miami foi palco de cinco conferências do melhor da matemática mundial; pesquisadora brasileira foi homenageada
A quarta-feira (24) no Mathematical Waves Miami (MWM) seguiu o padrão de excelência das conferências para fomentar o intercâmbio entre comunidades matemáticas no continente. O Instituto de Ciências Matemáticas das Américas (IMSA), organizador do evento na Universidade de Miami, na Flórida, aproveitou o encerramento do dia para entregar prêmios e prestar homenagens a pesquisadores com contribuições significativas para a área. O Brasil foi destaque entre os homenageados.
Para abrir os trabalhos, o matemático alemão Karim Adiprasito, um dos maiores especialistas de Combinatória na atualidade, discorreu sobre “A forma de resolução mínima”. O docente na Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, apresentou questões abertas sobre o tema e novos resultados sobre a maneira de resolução livre mínima, além de examinar os métodos, atuais e arcaicos envolvidos.
Em seguida, foi a vez do norte-americano John Pardon se apresentar. O matemático de 34 anos trouxe à tona o assunto das variedades de Calabi-Yau, adentrando, ao mesmo tempo, à Teoria Moderna da Geometria Enumerativa. Hoje, o estadunidense é referência em estudos de Geometria e Topologia e compõe o conceituado Centro Simons de Geometria e Física, na Universidade de Stony Brook, em Nova York.
Após o almoço, o mexicano José Antonio Seade, pesquisador da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), assumiu os holofotes com “Classes de Chern e índices de campos vetoriais em variedades singulares”. Seade é um dos matemáticos mais respeitados da América Latina, garantiu avanços significativos em seu país na área e hoje preside a Academia Mexicana de Ciências.
Horas mais tarde, Seale seria reconhecido pelo IMSA como Liderança Matemática pelos avanços de sua pesquisa não somente na compreensão teórica, mas também nas aplicações práticas em vários campos científicos. Voltando ao ciclo de palestras do MWM, o quarto a se apresentar foi o russo Maxim Kontsevich, Professor na l’Institut des Hautes Études Scientifiques (IHES), em Paris.
Aos 59 anos, Kontsevich também apresenta a cidadania francesa por tantos anos no país e o ápice na carreira acadêmica ocorreu em 1998, quando recebeu a medalha Fields, considerada um ‘Nobel’ na área de Matemática. Em Miami, o pesquisador apresentou uma conferência sobre Geometria e Dimensão Fractais.
Por fim, na última conferência do dia no MWM, Yuri Tschinkel ministrou uma palestra sobre os avanços em Geometria Birracional. O pesquisador de 59 anos nasceu em Moscou, na Rússia, porém apresenta cidadanias alemã e norte-americana. Hoje, faz parte do corpo da Fundação Simons, instituição financiadora do IMSA.
HOMENAGENS DO IMSA
Após as sessões teóricas, foi a vez da organização realizar a entrega de prêmios do IMSA reservados a matemáticos com contribuições significativas na atualidade. As honrarias foram divididas em duas categorias: Prêmio Jovem Matemático IMSA e Prêmio IMSA de Matemático Estabelecido.
A primeira foi atribuída a jovens pesquisadores da América Latina com notáveis avanços em pesquisas matemáticas. Foram premiados Raquel Perales, pesquisadora do Centro de Investigação em Matemática (CIMAT), e Miguel Walsh, professor titular da Universidade de Buenos Aires, na Argentina.
O vencedor do Prêmio IMSA de Matemático Estabelecido foi Alberto Verjovsky,especialista em Geometria, Topologia e Dinâmica e pesquisador da UNAM. O matemático se destaca pelo compromisso com o desenvolvimento da Ciência em regiões desfavorecidas, o que lhe valeu o Prêmio “Spirit of Abdus Salam” em 2018.
Na sequência da solenidade, o mexicano José Antonio Seade foi homenageado como Liderança Matemática. A jornada acadêmica do atual Presidente da Academia Mexicana de Ciências vai da UNAM à Universidade de Oxford e o levou a mergulhar profundamente nas complexidades da Teoria da Singularidade e dos Sistemas Dinâmicos, contribuindo significativamente para essas áreas desafiadoras da Matemática.
Jeffrey Ben Fuqua, uma das mentes por trás da fundação do IMSA, e Guillermo Prado, reitor da Universidade de Miami, também foram agraciados com o reconhecimento de Liderança Matemática.
BRASIL EM DESTAQUE
O Brasil foi destaque na última solenidade do dia. A Professora Márcia Cristina Anderson Braz Federson, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos, recebeu o reconhecimento de Fellowship do IMSA por promover a excelência na pesquisa e na educação matemática na América Latina.
“Agradeço ao IMSA por encorajar, promover e dar suporte à pesquisa em matemática nas instituições da América Latina e do Caribe”, disse Márcia ao receber a honraria.
A pesquisadora do ICMC é referência em temas marcantes da Matemática Moderna, como Teoria da Integração Não-Absoluta de Kurzweil-Henstock, Equações Diferenciais Ordinárias Generalizadas, Equações Integrais, Equações Diferenciais Funcionais e Equações Diferenciais Estocásticas.
Para a Presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), Jaqueline Mesquita, a aclamação do trabalho de Márcia é um passo importante para a ciência brasileira. “Este reconhecimento mostra que estamos no caminho certo e que a matemática no Brasil tem muito a contribuir com pesquisas de ponta em países de todo o mundo, e que a colaboração entre pesquisadores traz benefícios a todas as partes”, comemorou.
Além da brasileira, foram homenageados Daniel Barrera Salazar, Professor da Universidade de Santiago do Chile e especializado em Teoria dos Números e Geometria Algébrica, e Carolina Benedetti, Professora do Departamento de Matemática da Universidade dos Andes, na Colômbia, e expert em ramos da Teoria da Representação e Geometria, Teoria de Ehrhart, Funções Simétricas e Álgebras de Hopf.
Você pode acompanhar no site oficial do IMSA a programação do último dia do MWM, nesta quinta-feira (25).