Na região Centro-Oeste, foram 13 cidades participantes do maior festival científico da área no ano e cerca de 2.500 pessoas que acompanharam as apresentações
Pelo 10º ano consecutivo, a Matemática foi o centro das atenções no festival internacional Pint of Science, iniciativa que busca aproximar a ciência da sociedade de uma forma descontraída e acessível. De 13 a 15 de maio, 125 cidades participantes fizeram do Brasil o maior representante de um total de 25 países do maior evento de divulgação científica do planeta.
Os encontros do festival ocorrem em bares, restaurantes e espaços públicos em todo o mundo, para compartilhar suas últimas pesquisas e descobertas com o público. O número inicial de municípios participantes era de 179, porém houve desistências de última hora devido às enchentes no Rio Grande do Sul que atingiram milhares de pessoas em todo o estado.
Ainda assim, a quantidade total fez o Brasil quebrar novo recorde em nível internacional do festival. Luiz Almeida, Coordenador Nacional do Pint of Science, comemora a maior aceitação do evento por parte da sociedade.
“Isso mostra que o festival continua em plena ascensão. E desta vez sairemos dos bares e restaurantes e vamos também para praças públicas e outros locais a céu aberto. Falar sobre ciência não é apenas uma escolha, mas uma necessidade para enfrentar desafios presentes e futuros”, diz.
Em Brasília, um dos locais que apresentou atividades do Pint of Science foi o Lampião Gastrobar. Professor do Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), Rogério César dos Santos foi acompanhado de dois alunos, Hanna Carolina da Silva Rezende e Thiago Henrique Campos Santos, do programa coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) na apresentação intitulada “Mágicas Matemáticas – ensinando Matemática por meio do lúdico”, realizada no último dia 15.
A iniciativa consistia em uma apresentação de sete mágicas envolvendo Matemática, nas quais a plateia participou como voluntária em cada truque apresentado. O intuito foi mostrar como a disciplina pode ser trabalhada ou ensinada de forma lúdica para que o conteúdo possa ser mais atrativo aos olhos da comunidade.
“Truques antigos foram apresentados, mas alguns truques atualmente em desenvolvimento, que ainda estão para ser publicados, também foram feitos no evento. A apresentação durou cerca de uma hora. No fim, percebemos que a plateia se envolveu e gostou bastante das mágicas mostradas”, avalia Rogério.
A proposta do Pint of Science é tão descontraída que até o tímido Rogério se soltou à frente do bom público que compareceu ao bar em Brasília. Para Eduardo Bessa, Coordenador do evento na região Centro-Oeste, a estratégia de ‘desengessar’ a didática em ensinar ciência é o caminho correto para fazer a população criar menos resistência para agregar conhecimento.
Professor Rogério César dos Santos (camiseta azul) coordenou atividades do Pint of Science no bar Lampião, em Brasília – Foto: Divulgação
“O Rogério teve uma postura de palco muito bacana e os alunos do PROFMAT tiveram também muita desenvoltura, tanto em brincadeiras clássicas de Matemática quanto novas e criadas por ele. O Point of Science é um evento muito rico, pois encurta o processo do conhecimento, de deixar o cientista conversar diretamente com o público em um ambiente descontraído”, confia o Professor do curso de Licenciatura em Ciências Naturais da Universidade de Brasília (UnB).
Ao todo, o Centro-Oeste participou do Pint of Science em 13 municípios dos quatro estados da região, incluindo as capitais Goiânia, Campo Grande, Cuiabá e Brasília. Foram realizadas 116 atividades nos três dias de evento em um total de 29 bares. Cerca de 2.500 pessoas acompanharam as apresentações do festival.
PINT OF SCIENCE
O nome do festival é um trocadilho com a unidade de medida “pint”, que equivale a aproximadamente 600 ml e é usada na Inglaterra para servir cerveja. Daí, uma das razões por ele ter surgido em terras britânicas ainda em 2012 pelos pesquisadores Michael Motskin e Praveen Paul, do Imperial College London.
A ideia era levar pessoas com doenças degenerativas como Parkinson e Alzheimer para conhecer o laboratório onde trabalhavam e mostrar as pesquisas realizadas para tratar as moléstias. A primeira edição do evento ocorreu na Inglaterra em 2013.
O Pint of Science foi realizado pela primeira vez no Brasil dois anos mais tarde. Logo, o evento conquistou as pessoas pela forma descontraída com a qual explica a dinâmica das pesquisas.
A atração, realizada anualmente, reúne cientistas de diferentes áreas para apresentar suas pesquisas de forma acessível e descontraída para o público em geral. É organizado por voluntários em cada país participante e é uma oportunidade para explorar novos tópicos em um ambiente agradável.