XI Bienal destaca inclusão de gênero e racial na Matemática no 2º dia em São Carlos

Atividades multidisciplinares também foram pontos aprovados pelo público nesta terça-feira (30), nas dependências da UFSCar

O segundo dia da XI Bienal de Matemática, promovido pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), seguiu o nível de excelência da programação de abertura na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). As plenárias da sessão matutina trouxeram temas multidisciplinares que alinharam o mais atual das Ciências Matemáticas com aplicações e debates de áreas diversas. À tarde, o público se entreteu com oficinas, minicursos, comunicações orais, exposições de pôsteres e apresentações de mágicas e jogos. 

O tema do dia proposto pela comissão organizadora da Bienal nas apresentações foi “Jogos educacionais de matemática: jogos que podem transformar o aprendizado da matemática em uma aventura emocionante”. 

Mágicas nas apresentações agradam ao público

A Bienal tem realizado diferentes atividades lúdicas e educativas | Foto: SBM

Quem aprova o teor das apresentações usando o tom lúdico é o jovem Davi Benedito de Morais Nascimento, que começou cedo seu apego pela Matemática ao já ter participado de três edições da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). 

“O evento é muito legal. Dá para ver como as coisas funcionam realmente na Matemática, suas aplicações e estou gostando bastante das mágicas que estão fazendo. Está sendo uma experiência muito boa”, elogiou o estudante do 9º Ano do Ensino Fundamental. 

Emanuelly Vitória Ferreira Dias, também de 14 anos, ficou muito impressionada com o trabalho das monitoras da Bienal, que explicaram temas da disciplina bem complicados para a maioria dos colegas de sua idade. “Eles explicaram de uma forma muito clara um conteúdo que é bem complexo. Eles deixaram isso muito mais fácil para entendermos”, comprova a estudante, que sonha em prestar vestibular para o curso de Engenharia de Materiais. 

De tantas atividades apresentadas em poucas horas, qual foi a melhor? Para Ana Alice da Silva Conceição, já há uma postulante à medalha de ouro. “A exposição do xadrez em 3D foi a melhor, a que mais gostei, porque te força a prestar muita atenção. São diversas maneiras e estratégias para ganhar o jogo. Eu gosto muito da Matemática inserida nisso pelo fato de todas as possibilidades que ela traz para nossa vida. Ela está presente em tudo”, enxerga a aluna de 14 anos. 

Discussões de gênero e raça na Bienal

Destaque de uma das sessões plenárias na parte da manhã, a professora Manuela da Silva Souza, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), não focou apenas em externar conceitos de Álgebra, na qual é especialista, mas também de introduzir um tema fundamental na atualidade: a maior inclusão de negros e mulheres na área acadêmica. 

Hoje, a baiana é integrante da Comissão de Relações Étnico-Raciais (CRER) da SBM e também compõe a Comissão de Gênero da SBM e da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), que levantam exatamente tais bandeiras. 

“Foi um grande desafio trazer essa interseção de discussões sobre questões raciais e de gênero, porque sou uma mulher e negra. Quando recebi o convite de ser uma das plenaristas, foi uma mistura de surpresa, alegria e também tristeza. Porque sou a única pessoa negra convidada para dar uma das plenárias e também única pessoa vinculada a uma instituição do Nordeste. Com isso em mente, não poderia fazer diferente. Teria que trazer a parte mais técnica do assunto algébrico, mas também alinhar à minha vivência. Era um desafio que me propus desde o início”, avaliou Manuela. 

Manuela falou sobre a importância da inclusão de gênero e racial | Foto: SBM

O prazer de ter participado como plenarista na Bienal em São Carlos é mais uma referência, espera Manuela, para atrair mais o público feminino e negros para docência e o ambiente de pesquisa acadêmica. 

“Precisamos mudar esse cenário, pois necessitamos de mais palestrantes mulheres e homens negros nesses eventos importantes. Para nós, negros, muitas vezes conscientemente somos estimulados a pensar que não é possível conquistarmos nossas metas e sonhos. Por isso, precisamos buscar referências, porque elas existem, para acreditarmos que é possível e nos juntar com outros que lutam pela mesma causa. Porque a gente sabe que, nesse ambiente, se já é difícil assim, sozinho então se torna quase impossível”, completou a professora da UFBA. 

O que vem por aí nesta quarta-feira

A quarta-feira na Bienal reserva mais plenárias com destaque ao debate dos sete “Problemas do Milênio” do Instituto Clay, que são questões matemáticas extremamente complexas e ainda não resolvidas, e também uma palestra com Jaqueline Mesquita, presidente da SBM. 

A programação completa está disponível no site da XI Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática

As inscrições têm custo que podem variar de acordo com a categoria do participante, desde alunos da Educação Básica até professores de Ensino Superior. Os associados da SBM ganham desconto. Os preços estão disponíveis na aba respectiva do site do evento.