Fevereiro celebra a participação de Meninas e Mulheres na Ciência

Data reflete o comprometimento em tornar o mundo científico mais justo e igualitário

Desde 2015, o dia 11 de fevereiro tem um significado mais especial para o público feminino na ciência. Foi há oito anos que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) deu origem a esta data comemorativa com o objetivo de fortalecer o compromisso global com a igualdade de direitos entre homens e mulheres, principalmente do ponto de vista da educação.

Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU) e da UNESCO, as mulheres representavam, até 2021, 30% dos pesquisadores no mundo todo. A estatística era uma reflexão das barreiras e da baixa representatividade para mulheres e meninas, sobretudo em áreas como ciências, tecnologia, engenharia e matemáticas (STEM, na sigla em inglês).

Em meio a estes contextos, a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) desenvolveu organizações e atividades que fomentaram a redução da diferença de gênero e aumentaram a diversidade entre as pessoas que atuam na área de Matemática no Brasil. A Vice-Presidente da SBM, Jaqueline Mesquita, comenta com otimismo o cenário atual das mulheres na Matemática.

“As mulheres ainda são muito subrepresentadas na área da matemática, mas estamos tentando promover várias ações para mudar esse cenário e trazer mais representatividade. O cenário tem melhorado, temos visto mulheres ocupando cargos importantes e também, em destaque. Ano passado tivemos apenas mulheres eleitas como membros titulares da Academia Brasileira de Ciências na área de matemática. Isso mostra um grande avanço na pauta de representatividade de mulheres. Entretanto, a luta das mulheres tem que ser permanente, temos que estar em alerta e sempre trazendo esta pauta como questão. Apesar de muito já ter se discutido, ainda vemos muitos eventos científicos no país com pouca representatividade, bancas de concursos, entre outros. Já evoluímos bastante, mas ainda precisamos evoluir mais e os desafios para isso ainda são inúmeros”, afirmou Jaqueline.

Segundo ela, as próximas ações necessárias são voltadas para o treinamento de mentorias para as mulheres, ampliando os espaços e conhecimentos das cientistas. “A SBM tem investido bastante em treinamento de mentorias para as mulheres. A SBM foi contemplada com o Edital da British Council de Treinamento de Lideranças Inclusivas e ofereceu este treinamento para 70 mulheres. Agora, estamos querendo ampliar o programa de mentorias fazendo uma parceria com a Sociedade Brasileira de Física voltada para alunas de doutorado e pesquisadoras que estão fazendo seu pós-doutorado. Pensamos que essas são ações importantes para garantir a permanência das mulheres nestes ambientes. Além disso, a SBM tem organizado e apoiado diversos eventos e lives importantes  para debater esta temática de gênero. Estes eventos têm que continuar acontecendo para promover espaços de reflexões e discussão em nossa comunidade, para aumentarmos assim a diversidade”, avaliou.

Ações da SBM

A Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), junto à Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), criou a Comissão de Gênero e Diversidade, que tem como missão propor e divulgar iniciativas que estimulem a redução da diferença de gênero e que aumentem a diversidade entre as pessoas que atuam na área de Matemática no Brasil.

Recentemente, na Universidade de Brasília, foi realizada a 3ª edição do Seminário de Mulheres na Ciência, evento que contou com a participação da Vice-Presidente da SBM. Diante da presença de renomados cientistas, a programação incluiu palestras, mesas-redondas, exposição de projetos, além de uma programação no bar sobre mulheres na divulgação científica e uma apresentação cultural. Tudo isso com o objetivo de fomentar as questões de gênero na ciência brasileira.

“É muito importante aumentarmos a diversidade na matemática. Quando excluímos as mulheres, estamos excluindo metade da população, e todos saem perdendo com isso. É importante que a nossa sociedade se conscientize de que temos muito a ganhar quando incluímos as mulheres e os grupos subrepresentados. Existem vários estudos que mostram a importância da diversidade para uma maior produtividade e resultados mais efetivos em várias áreas do conhecimento. Desta forma, é urgente construir iniciativas para que a gente possa ter a construção de uma ciência mais inclusiva, e que reflita a diversidade do nosso país.”

A Comissão atuou em parceria com o Comitê de Mulheres da SBMAC para promover iniciativas que acarretaram em mudanças estruturais e sociais nas escolas, universidades e comunidades ao redor do mundo. Além disso, a SBM também apoiou o evento Celebrando as Mulheres na Matemática (CWinM), que conta com palestras, mesas redondas e temáticas, sessões temáticas e um workshop voltado para a participação feminina na área. 

Atuando em diferentes vertentes, com total compromisso pela equidade dentro da ciência brasileira e mundial e pela evolução da Matemática como um todo, a SBM seguirá tendo seu compromisso fixado por um mundo científico que contempla todos os públicos.