Data é homenagem aos grandes feitos femininos na área
Nesta quinta-feira, dia 12 de maio, comemora-se mundialmente a participação das mulheres na Matemática. Apesar de não ser uma data oficial, a celebração foi instituída em 2018 e vem sendo realizada desde o ano de 2019.
A data escolhida se deve a uma matemática iraniana chamada Maryam Mirzakhani, que foi professora na Universidade de Stanford, e, além disso, era uma das maiores especialistas do planeta em geometria e sistemas dinâmicos. Nascida em 12 de maio de 1977, faleceu em 2017, aos 40 anos, vítima de câncer.
Maryam revolucionou o mundo feminino dentro da Matemática. Em 2014, ela se tornou a primeira mulher a receber a Medalha Fields, em virtude das suas “excelentes contribuições para a dinâmica e geometria das superfícies de Riemann e seus espaços de módulos”. Além disso, foi também a primeira iraniana a ser reconhecida pelo prêmio.
A iniciativa da comemoração surgiu aqui no Brasil. Em 31 de julho de 2018, no Rio de Janeiro, o Comitê Feminino da Sociedade Iraniana de Matemática apresentou aos participantes do Encontro Mundial para Mulheres em Matemática (WM)² a ideia de que no aniversário de Mirzakhani ficasse marcado o dia da celebração das mulheres na Matemática.
Para além do exemplo de Maryam, este dia também é uma celebração a feitos como os de Karen Uhlenbeck, americana especialista em equações derivadas parciais. Em 2019, com 76 anos de idade, ela foi a primeira mulher a receber o Prêmio Abel de Matemática – que é equivalente ao Prêmio Nobel da área.
Por aqui, na Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), juntos à Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), criamos a Comissão de Gênero e Diversidade, que tem como missão propor e divulgar iniciativas que estimulem a redução da diferença de gênero e que aumentem a diversidade entre as pessoas que atuam na área de Matemática no Brasil.
“A Comissão de Gênero e Diversidade da SBM e da SBMAC foi criada em 2019 com o objetivo de unificar ações das duas sociedades em prol da diversidade e equidade de gênero, raça, regiões geográficas, dentre outros, bem como aumentar a representatividade de grupos sub-representados e minoritários dentro da comunidade acadêmica, especificamente nas áreas de Matemática e Matemática Aplicada e Computacional”, explica Miriam Pereira, que compõe o grupo.
Iniciativas fomentam a visibilidade feminina da Matemática
Neste ano, a Comissão, em parceria com o Comitê de Mulheres da SBMAC, vai divulgar, a partir de hoje e durante o mês de maio nas redes sociais da SBM, da SBMAC e do Comitê, algumas das diversas iniciativas que vêm sendo realizadas nos últimos anos a fim de promover mudanças estruturais e sociais nas escolas, universidades e comunidades em que foram implementadas. Dentre as iniciativas, listamos a realização de eventos, as mudanças em editais, a criação de projetos de extensão, de olimpíadas de matemática só para meninas e de redes de apoio, entre outras. Ao final do mês de maio, um documento será produzido com um compilado dessas ações.
Além disso, durante toda a semana, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está promovendo, com o apoio da SBM, o evento Celebrando a Mulher na Matemática (CWinM), que conta com palestras, mesas redonda e temática, sessões temáticas e um workshop voltados para a participação feminina na área. “A ausência de mulheres nos altos cargos e, em particular, como líderes e bolsistas de pesquisa na matemática é um dos pontos mais sensíveis apontados pelos estudos de gênero. A ideia de que ‘ali não é lugar de mulher’ é bem real para nós. Mais do que comemorar, apontar uma data é uma forma de chamar a atenção para essa questão e trazer um momento de reflexão e debate, no meio das lutas diárias que muitas vezes nos impedem de entender mais automaticamente que estamos sofrendo algum tipo de discriminação ou exclusão por sermos mulheres”, reflete Luciana Salgado, professora da UFRJ e parte do Comitê Organizador do CWinM.