Simbolizando um marco histórico, Jaqueline Mesquita torna-se a primeira pessoa do Brasil e a mais jovem a presidir a entidade
Nesta quinta-feira, 27 de março, durante a Assembleia da Unión Matemática de América Latina y el Caribe (UMALCA), foi oficializada a nomeação de Jaqueline Mesquita, atual Presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), para a presidência da União.
Com uma posse marcada pelo avanço científico e social, Jaqueline é a primeira brasileira e a mais jovem pessoa a ocupar essa posição. “É uma imensa honra e um grande privilégio assumir a presidência da UMALCA. Esse momento reforça não apenas a importância da diversidade na liderança, mas também o papel do Brasil no fortalecimento da matemática na América Latina e no Caribe”, afirma.
Com mais de 25 anos de atuação, a UMALCA nasceu de um esforço conjunto da comunidade matemática latino-americana e caribenha. Sua criação ocorreu durante o XX Colóquio Brasileiro de Matemática, realizado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro, em 1995. O ato de fundação contou com a presença dos presidentes das Sociedades Nacionais de Matemática da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, México, Uruguai, Venezuela e um representante do Peru.
Com a missão de promover a colaboração, o intercâmbio e a comunicação entre matemáticos da América Latina e Caribe, a União se divide entre três órgãos principais: a Assembleia Geral (AG); o Comitê Executivo (CE), que abarca do cargo de presidente; e o Conselho Científico (CC). Nestas duas últimas instâncias, o processo de nomeação dos membros ocorre com base em seus méritos científicos e seu desempenho na comunidade matemática.
Em toda a história da UMALCA, somente duas mulheres ocuparam a presidência, liderança máxima do Comitê Executivo. A primeira foi Liliana Forzani, professora da Universidade Nacional do Litoral, em Santa Fé, na Argentina. A pesquisadora, que assumiu o cargo no quadriênio de 2021-2024, passa agora o bastão para Jaqueline Mesquita, que estará à frente da União até 2028.
Jaqueline enfatiza a importância do protagonismo feminino, sobretudo em cargos de liderança científica. “Ter referências femininas fortalece a representatividade, ajuda a desconstruir estereótipos e incentiva mais jovens a seguirem carreira na área. Ser a segunda mulher a ocupar a presidência da UMALCA e a mais jovem da história da instituição representa um avanço significativo, com um impacto que, sem dúvida, se refletirá nas futuras gerações”, reflete.
Em moldes parecidos, o ato de pioneirismo se repete na história da SBM. A cientista brasileira é a mais jovem liderança a assumir a presidência da Sociedade Brasileira de Matemática, além de ser uma entre as três únicas mulheres a ocupar essa posição. Suas antecessoras foram as renomadas professoras Keti Tenenblat e Suely Druck. Jaqueline revela que ter presidido a SBM proporcionou uma visão abrangente da comunidade matemática no Brasil, permitindo compreender a importância de diversas iniciativas para o fortalecimento da área.
“O Brasil é um país de grandes desigualdades, com realidades muito distintas, e liderar a SBM significou entender essa diversidade e encontrar formas eficazes de atuar diante desse cenário. Vejo um paralelo claro com a América Latina e o Caribe, regiões que compartilham uma trajetória histórica marcada pela exploração e que, como consequência, enfrentam desafios estruturais e profundas desigualdades. No entanto, o potencial da América Latina e do Caribe na matemática é inegável”, destaca a Presidente.
Fomentar o desenvolvimento da matemática em países com menor desenvolvimento relativo ou com maiores dificuldades econômicas é um dos compromissos fundamentais da UMALCA. Neste novo ciclo à frente da União, Jaqueline Mesquita enxerga a necessidade urgente de ampliar os investimentos na Matemática, tanto na pesquisa quanto no ensino. Ela destaca que um dos grandes desafios enfrentados pela região é a falta de recursos, o que impacta de forma generalizada as atividades de pesquisa e ensino de matemática nos países da região.
“Sabemos da importância do financiamento para viabilizar medidas eficazes e de impacto duradouro. Por isso, nosso objetivo é buscar recursos por múltiplas vias, incluindo a participação em editais, o diálogo com empresas e a aproximação tanto do setor privado quanto do setor público em toda a América Latina e no Caribe”, finaliza.