Professor da UFPB agora faz parte do grupo majoritário, com o objetivo de promover a pluralidade de sub-grupos e minorias na área de Ciências Matemáticas no Brasil
Criada pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) em 2023 para conscientizar a comunidade matemática sobre a importância da diversidade étnico-racial no cenário científico, a Comissão de Relações Étnico-Raciais (CRER) tem um novo membro em sua composição. O professor Flank Bezerra, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), se junta aos trabalhos do grupo majoritário para o atual mandato.
O matemático de 40 anos compõe a CRER ao lado de Manuela Souza, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Janice Pereira Lopes, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Simone Leal, professora da Universidade Federal do Amapá, (UNIFAP), Nivaldo Grulha, professor da Universidade de São Paulo (USP), e Marcela Duarte Ferrari, professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Formação acadêmica
Natural de Bacabal (MA), Flank se formou em Matemática na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Posteriormente completou seu mestrado em Matemática na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e doutorado em Matemática pela Universidade São Paulo (USP) com período sanduíche na Universidad Complutense de Madrid, na Espanha.
Atualmente, o maranhense é bolsista de produtividade do CNPq na área de Matemática, subchefe do Departamento de Matemática da UFPB, onde dá aula para turmas do curso de Bacharelado e Licenciatura, e também membro do Programa de Pós-Graduação na área da instituição, em João Pessoa. Como pesquisador, ele desenvolve estudos principalmente sobre Sistemas Dinâmicos (Não) Lineares e Equações Diferenciais Parciais.
Por seis anos, Flank foi assessor do Comitê de Matemática do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), onde elaborou questões da área para duas edições do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
Também relacionado à SBM, o pesquisador é membro permanente na UFPB do Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), que já auxiliou na capacitação de quase 8 mil professores de Matemática desde 2011.
Entrada na CRER
O convite para ser um membro da CRER veio através do membro Nivaldo Grulha. O professor Aldo Trajano Lourêdo, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), estava de saída do grupo e Flank já vinha atualizado sobre as atividades da Comissão. Por isso, o convite veio de uma forma natural. “Eu já conhecia a CRER, porque eu já acompanhava a página da SBM e a movimentação da Comissão através de conversas, conhecia todos os membros e participávamos de um mesmo grupo de WhatsApp. E daí o Nivaldo comentou que um amigo nosso sairia e me fez o convite. Não pensei duas vezes e aceitei de prontidão”, conta Flank.
Mesmo com pouco tempo de ‘casa’, Flank tem sido ativo e participado de várias ações da CRER. “Atualmente, tenho contribuído com a elaboração do regimento da Comissão, bem como o planejamento de ações da CRER junto aos editais que surgiram recentemente das agências de fomento para promover eventos. A ideia é promover uma maior interação da comunidade matemática preocupada com questões as étnico-raciais na academia”, reforça o professor da UFPB.
Responsabilidades na Comissão
No âmbito atual, a CRER aguarda a aprovação de dois projetos submetidos a editais de agências de pesquisa com o intuito de alcançar um dos grandes objetivos do grupo: a pluralidade nos departamentos e setores de instituições no Brasil.
“Confeccionamos dois projetos aplicados a editais recentemente lançados por agências de fomento. Temos nos articulado para aumentar a pluralidade nos comitês de representatividade, nos comitês de direções, nos comitês de tomadas de decisões na Matemática, tanto a nível regional quanto nacional, além dos comitês latino-americanos e do Caribe”, completa Flank.
Ciente de sua responsabilidade agora dentro da CRER, Flank se diz lisonjeado em levantar bandeiras a favor da maior igualdade entre gêneros, culturas e etnias, e pretende trabalhar por uma maior representatividade de minorias de todas as regiões na área científica brasileira.
“Fazer parte da CRER é uma tarefa de muita responsabilidade. Eu já tenho um trabalho consolidado como pesquisador no estado da Paraíba, então essa responsabilidade significa assumir esse compromisso com o mesmo grau de importância. A minha contribuição tem sido mostrar que é possível falar de Matemática Avançada e, paralelamente, trazer questões sobre relações étnico-raciais no ambiente acadêmico. É uma bandeira que sempre levanto. Acredito que é preciso fazer pesquisa em Matemática e discutir relações de gênero e étnico-raciais no mesmo espaço. Isso influencia diretamente no avanço da pesquisa, pois quanto maior a pluralidade de gênero e étnica, maior a probabilidade de termos avanços significativos nas práticas científicas”, defende o maranhense.
A CRER prevê uma renovação de metade de seus membros a cada dois anos. Uma das exigências é que a Comissão tenha, pelo menos, 50% dos membros formados por mulheres negras.