Brasil consolida posição de protagonista na 2ª edição do Mathematical Waves Miami, nos EUA

Jaqueline Mesquita representa a SBM em evento na Universidade de Miami até dia 29; conferência reúne os principais cientistas e matemáticos da América Latina e Caribe, incluindo vários representantes brasileiros

Jaqueline Mesquita abriu os trabalhos com palestra no MWM 2025, em Miami | Foto: Leonardo Zacarin/SBM

O sucesso do evento em 2024 motivou o Instituto de Ciências Matemáticas das Américas (IMSA, sigla em inglês) a realizar a 2ª edição do Mathematical Waves Miami (MWM), na Universidade de Miami, nos Estados Unidos. A Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) se faz protagonista com a Presidente Jaqueline Mesquita sendo uma das principais palestrantes do evento. 

Realizado de 27 a 29 de janeiro, o MWM é uma oportunidade de reconhecer e homenagear cientistas da América Latina e Caribe para palestras de ponta e premiações na área da Matemática. Nos três dias, uma congregação das principais Sociedades matemáticas do continente realizará conferências em Miami com o objetivo de unir forças em prol do avanço da ciência e a promoção “da integração da comunidade hispânica no discurso matemático mundial”.

A presença da SBM pelo segundo ano consecutivo em Miami reforça o compromisso do país em apoiar e promover iniciativas que valorizam o avanço do conhecimento e a excelência na educação matemática. Jaqueline Mesquita foi a responsável por abrir os trabalhos na última segunda-feira (27) com uma palestra sobre o tema “Um modelo quimiostático competitivo com atrasos dependentes do tempo”.

Para Jaqueline, a visibilidade que o MWM trouxe para pesquisas e estudos de matemáticos da América Latina só tornou a 2ª edição do evento ainda mais relevante no cenário científico internacional. “O evento em 2024 foi um sucesso e o IMSA, de fato, objetiva a isso: divulgar trabalhos excepcionais de vários pesquisadores da América Latina para a comunidade matemática internacional. É muito importante uma iniciativa como essa para mostrarmos o potencial da Matemática na América Latina e Caribe”, analisa a Presidente da SBM. 

Professor do IMECC/Unicamp, Lino Grama também foi outro matemático brasileiro destaque no 1º dia em Miami | Foto: Leonardo Zacarin/SBM

No primeiro dia do MWM 2025, o auditório principal do Pavilhão Lakeside Village ainda recebeu plenárias de outro brasileiro: Lino Grama, professor no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade Estadual de Campinas (IMECC/Unicamp). Jaqueline também reforçou a participação da argentina Alicia Dickenstein, presidente da União Matemática Internacional (IMU, sigla em inglês), e Alberto Verjovsky, pesquisador do Instituto de Matemática da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e vencedor de um dos prêmios do IMSA em 2024. 

Diante de tantas personalidades conceituadas da área, a presença de matemáticos de referência do Brasil é fundamental para manter sua influência no continente. Lino Grama comparece ao MWM pelo segundo ano e aprova a riqueza do intercâmbio de conhecimento entre profissionais da área na América Latina e Caribe. 

“É uma possibilidade de vermos as pesquisas mais modernas da Matemática sendo desenvolvidas. É uma troca de ideias muito legal, há a parte gratificante que é a entrega dos prêmios do IMSA. Trata-se de um reconhecimento enorme, porque a Matemática tem um caráter internacional e todos esses países têm um trabalho muito forte no continente. Então, esses encontros são maravilhosos exatamente por permitir essa congregação de matemáticos de várias partes do mundo e uma conexão colaborativa mais ampla”, analisa o docente da Unicamp. 

“A intenção do IMSA é fomentar cada vez mais a Matemática da América Latina e Caribe e é vital que o Brasil esteja envolvido. Com o apoio do IMSA, a SBM pôde estreitar relações com outros países do continente, como o México. Fruto disso é que, em 2025, teremos o Encontro Conjunto Brasil-México de Matemática. Vamos nos encontrar com as autoridades mexicanas ao longo do evento para discutir os próximos passos do evento. Por isso, é fundamental que a SBM seja protagonista nos avanços da ciência no continente”, completa Jaqueline. 

Vencedor do Prêmio IMSA para Melhor Matemático Estabelecido em 2024, o mexicano Alberto Verjovsky avalia que o reconhecimento é uma prova concreta das contribuições dos pesquisadores latino-americanos para a ciência de maneira que poderão ultrapassar as fronteiras do continente. 

“Infelizmente, hoje ainda há poucos prêmios científicos destinados a pesquisadores da América Latina. A contribuição das Sociedades matemáticas latino-americanas é vasta e esse é um evento muito impactante, pois Miami é um centro para reuniões de todas as nacionalidades. A América Latina tem um papel importante relevante nas artes, no turismo, mas também na área de ciências. Com esse evento, o IMSA procura comemorar as notáveis contribuições da Matemática dos pesquisadores do continente, que acabam muitas vezes servindo de inspiração para as novas gerações”, ressalta Verjovsky, Ph.D. pela Universidade Brown, nos EUA, e referência nas áreas de Geometria, Topologia e Dinâmica.

Alberto Verjovsky foi um dos premiados pelo IMSA na edição passada do MWM | Foto: Leonardo Zacarin/SBM

Na visão de Ernesto Lupercio, membro executivo do IMSA, a relevância do MWM mundo afora faz a comunidade matemática já imaginar o evento como uma espécie de Prêmio Nobel da Matemática na América Latina nos próximos anos. “Você reconhece a importância dos prêmios, que reconhecem tanto matemáticos já estabelecidos, como Alberto Verjovsky, como matemáticos mais jovens, como Raquel Perales e Miguel Walsh, que ganharam na categoria de matemáticos jovens e se colocam como favoritos para ganhar outras distinções internacionais na área. Eles vão continuar tendo condições de seguir seus trabalhos fantásticos na América Latina e, acima de tudo, representam modelos para encorajar as novas gerações que sonham em fazer Matemática na região”, observa o pesquisador do Centro de Investigação e de Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional (CINVESTAV), na Cidade do México.

Como citado anteriormente, o IMSA premiou Alberto Verjovsky na categoria Matemático Estabelecido, enquanto que Raquel Perales, pesquisador do Centro de Investigação em Matemática (CIMAT), no México, e Miguel Walsh, docente da Universidade de Buenos Aires, na Argentina, conquistaram a distinção como Jovens Matemáticos. Os vencedores da edição do MWM 2025 serão conhecidos na próxima quarta-feira (29). 

Ludmil Katzarkov, Diretor-executivo do IMSA, esteve atento às palestras do 1º dia do MWM 2025 | Foto: Leonardo Zacarin/SBM

O QUE VEM POR AÍ

O Brasil ainda é esperado em participações de Marcelo Viana, Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), e Maria Aparecida Soares Ruas, professora emérita do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e uma das diretoras da SBM na gestão de Jaqueline Mesquita. 

Você pode acompanhar a programação completa do MWM 2025 no site oficial do IMSA