Pressupostos. A diversidade tem muitas formas. No contexto da comunidade matemática, inclui gênero, raça, etnia e cor da pele, idade e estágio de carreira, origem geográfica, tipo de instituição e escola de formação. O bom desenvolvimento da Matemática depende da troca de ideias, em eventos científicos, entre pessoas com diferentes perspectivas matemáticas. Assim, eventos devem contar com a participação de mulheres e outros grupos subrepresentados entre palestrantes convidad@s, membros de comissões organizadoras e científicas e participantes em geral.
As melhores práticas para considerar a diversidade levam em conta todas estas formas ao mesmo tempo. Atributos mensuráveis, como gênero ou idade, muitas vezes servem como sinal de alerta para formas menos óbvias de viés que também podem ter um impacto negativo sobre a matemática do evento.
Por uma questão de brevidade, muitas vezes iremos nos referir, no que segue, às mulheres, mas as diretrizes se aplicam também a outros grupos subrepresentados na matemática.
Sugestões para formar uma boa lista de palestrantes convidad@s.
- A lista bem comprida. Monte uma lista da maneira usual, seja lá o que isso signifique no contexto do seu evento. Se a lista não for representativa do espectro de diversidade da comunidade matemática, então peça a cada membro do comitê organizador que sugira alguns nomes do(s) grupo(s) subrepresentado(s). O resultado será uma lista comprida e diversificada. Escolha sua lista de palestrantes a serem convidad@s a partir desta lista comprida. Talvez você ache que esse processo resulte em uma sobrerrepresentação do grupo subrepresentado, mas isso não é ruim, até porque é possível que pessoas destes grupos recusem, por diversas razões e em maior frequência, os convites.
- Amplie seu horizonte. Pense mais amplamente sobre a área na qual você está selecionando pessoas: existem pessoas trabalhando em outras áreas com interesses sobrepostos? Jovens matemátic@s são frequentemente uma boa fonte para encontrar um grupo diversificado de palestrantes (com uma ressalva; veja o próximo ponto).
- Não convide sempre as mesmas mulheres. Também não monte uma lista de convidados com 20 homens seniores e duas mulheres jovens; na mesma linha de raciocínio não é uma boa ideia montar uma lista de convidados com as mulheres “de sempre”.
- Questione suposições que soem razoáveis. Por exemplo, se decidir que “tivemos palestrantes da Matemática Pura no ano passado, então este ano devem ser de Matemática Aplicada”, ou, “eles foram dos EUA no ano passado, então eles devem ser europeus esse ano”, então você terá diminuído muito seu leque de possibilidades, limitando a representatividade em outros quesitos.
- Questione e recuse a alegação de que “não há mulheres de bom nível”. Veja os pontos acima para formas de gerar listas de mulheres de nível adequado. Se as sugestões específicas deste documento não tiverem sido úteis, há muitos outros recursos disponíveis e vale a pena pesquisar para obter mais diretrizes e sugestões.
Sugestões para ter mais mulheres entre participantes.
- Faça os convites com antecedência. Uma ampla antecedência nos convites fornecerá tempo para organizar compromissos pessoais e viabilizar a participação no evento.
- Facilite a participação de pessoas que tenham filhos pequenos. Viabilize (ou financie), se possível, um local – uma creche ou escolinha próxima ao local do evento – ou um profissional que possa cuidar de crianças pequenas e disponibilize essa informação aos participantes.
- Aprenda para a próxima vez. Em caso de recusa de um convite, tente entender o que poderia (ou ainda pode?) ser feito para reverter essa situação.
Nota: Esse texto foi inspirado pelo seguinte texto da London Mathematical Society: https://www.lms.ac.uk/adviceondiversityatconferencesandseminars e elaborado pela Comissão de Gênero SBM/SBMAC.