Paulista de Guarulhos, Roberto é radicado no Rio de Janeiro, onde fez o programa de Mestrado da SBM e se destacou com o programa de treinamento olímpico com seus alunos
Em maio, foram conhecidos os dez medalhistas de ouro da 1ª Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMbr). O Ministério da Educação (MEC) participou do evento que reuniu cerca de 600 docentes em todo o país. A competição buscou identificar talentos e propagar boas práticas no ensino da disciplina em rede nacional.
Dos dez melhores docentes da disciplina no Brasil, nove têm histórias vinculadas ao Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Um deles é o paulista Roberto Cesar Cucharero Peregrina, de 37 anos.
INFÂNCIA E APEGO PELA MATEMÁTICA
Roberto nasceu no dia 21 de dezembro de 1986 em Guarulhos, município da Região Metropolitana de São Paulo. Sua infância foi dividida entre a sua cidade natal e o bairro de Belenzinho, na região central da capital paulista. E desde pequeno, não importava o local, ele gostava de aprender e estudar conceitos e atividades novos.
“Independentemente se era Matemática ou não, eu era fascinado em aprender coisas novas. Sempre tive um bom desempenho escolar em todas as matérias. Mas especificamente sobre o apego à Matemática, isso veio de forma tardia”, relembra Roberto.
No 2º Ano do Ensino Médio, o aluno do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de São Paulo viveu ‘na pele’ as dificuldades que, muitas vezes, a área de Ciências Exatas proporciona no período escolar. “Tive um professor de Matemática que aterrorizava os alunos e, no CEFET, tive que sair da minha zona de conforto e fazer um esforço muito grande para evoluir na disciplina. A dedicação que ele impunha nas aulas me despertou o gosto pela Matemática e pelas Ciências Exatas”, conta.
Para prestar o vestibular, primeiramente Roberto pensou em Engenharia, mas não foi aprovado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Posteriormente, o mesmo CEFET foi sua escolha para o curso de Tecnologia em Sistemas Digitais. Entretanto, a formação como tecnólogo foi interrompida pelo paulistano, que seguiu para o Rio de Janeiro após a aprovação no Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil.
Durante a breve trajetória pela carreira militar, Roberto participou da Missão de Paz no Haiti, criada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) para restaurar a ordem no país da América Central. Em meio à função dentro do quartel, ele não conseguiu se livrar do apego pelas Ciências Exatas e iniciou a graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Augusto Motta (UNISUAM), em Bonsucesso.
Ao retornar do Haiti, ele finalizou a graduação em 2011 e definitivamente estava convicto de mergulhar na área de livre docência e, claro, com foco em Matemática. “Com cara e coragem pedi baixa do quartel para despontar como professor. Iniciei em cursos pré-militares onde dava aula, buscava fontes alternativas, trabalhei em colégios particulares do Rio, mas logo em seguida sou chamado para trabalhar na prefeitura do Rio e na rede estadual”, detalha Roberto, aprovado em dois concursos para professor de Matemática.
INFLUÊNCIA DO PROFMAT
Nos anos de 2012 e 2013, o paulista fez uma Especialização em Metodologia do Ensino da Matemática pela Universidade Gama Filho. O período foi fundamental, pois despertou outra paixão de Roberto dentro da área: as Olimpíadas. O tema olímpico foi destaque de sua dissertação e pavimentou seu caminho até ser aprovado no Exame de Admissão do PROFMAT pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
“O PROFMAT começa a alimentar algo dentro de mim que já despontava, que eram as competições de Matemática. Apesar de nunca ter participado, eu passei a ser aficionado por Olimpíadas a partir do momento que conheci. Achava bem interessante a proposta de ser desafiado frequentemente. Então, começo o meu ciclo olímpico um pouco mais tarde e o PROFMAT vem com a robustez matemática necessária para compreender os problemas olímpicos, que achava muito difícil”, descreve Roberto.
Hoje, o paulista radicado na Cidade Maravilhosa foca em vários projetos olímpicos, como a Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (OBMEP), com seus alunos das Redes Municipal e Estadual de Ensino. Além disso, Roberto leciona programas voltados para competições pela UNIRIO até hoje.
E muito de sua bagagem, ele faz questão de ressaltar, veio com a experiência no PROFMAT. Mais de 7.300 mil alunos e alunas se tornaram mestres pela iniciativa, que conta com o reconhecimento do MEC e do Conselho Nacional de Educação (CNE) com nota máxima (5).
“O PROFMAT é uma excelente formação. Acredito que todos os professores de Matemática deveriam passar pelo processo, pois é necessário que o professor tenha o arcabouço teórico aplicado à sua área de atuação para exercer sua função com excelência. O PROFMAT é um auxílio necessário para a capacitação dos professores, porque hoje ele precisa se reinventar. Hoje, o mundo pede um professor polivalente. Tem que estudar e saber sobre várias disciplinas. Cada vez mais você vê as matérias se interligando e o PROFMAT faz isso, pois permite que o professor fique capacitado para exercer a sua profissão da melhor forma possível”, analisa.
VIAGEM À CHINA
O paulista é um dos cinco egressos do PROFMAT vencedores da OPMbr que terá o direito de viajar à China, em setembro, para conhecer o Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco), em Xangai. A nação asiática lidera o ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), principal avaliação da educação básica no mundo, em Matemática.
“Minha expectativa é aprender a metodologia e a didática que eles usam no dia a dia e compreender profundamente o mundo olímpico imerso no universo chinês, assim como a questão de base, que é o que diferencia o chinês especialmente nas competições. Estamos a dois meses da viagem e meu objetivo é fazer diversas parcerias, fazer o que for necessário para qualificar a capacitação do professor do município e do estado do Rio de Janeiro”, pontua.
Daqui para frente, Roberto espera ansiosamente pelo programa de Doutorado da SBM, já aprovado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), mas vê o programa de Mestrado da Sociedade como fundamental para quem tem o sonho de fazer a diferença nas salas de aulas.
“A oportunidade está na sua frente para você adquirir uma das melhores formações para docentes, tanto no aspecto teórico quanto nos seus desdobramentos. Para quem tem o sonho, se dê uma oportunidade para lecionar. O Brasil necessita muito de investimento nessa parte de Matemática, de dar um salto nesse quesito, porque muitas vezes nem todas as pessoas têm um desenvolvimento pleno para poder acompanhar esse processo. Por isso, faça o PROFMAT. Vai valer muito a pena”, encerra.
A SBM não para por aqui sua série de reportagens sobre os vencedores da OPMbr. Nos próximos dias, traremos mais um perfil dos demais medalhistas de ouro com passagem pelo PROFMAT. Fiquem ligados!
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