OPMbr: conheça Rubens Lopes Netto, egresso do PROFMAT e um dos melhores professores de Matemática do Brasil

Maranhense de coração, o matemático de 40 anos foi medalhista de ouro na 1ª edição de competição apoiada pela SBM e viajará para a China para conhecer um dos maiores centros de formação para professores do planeta

No último dia 21 de maio, foi realizada a cerimônia de premiação da 1ª edição da Olimpíada Brasileira de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMbr). A solenidade ocorreu no prédio do Ministério da Educação (MEC), em Brasília, e agraciou os dez melhores professores da disciplina nas redes pública e privada do país. 

Rubens Lopes Netto foi um dos 10 medalhistas de ouro da OPMbr – Foto: Arquivo Pessoal

Dos dez professores medalhistas de ouro, nove têm uma história vinculada ao Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). Um deles é Rubens Lopes Netto, docente da Rede Estadual de Ensino do Maranhão. 

O matemático de 40 anos é um dos cinco egressos do PROFMAT medalhistas de ouro na OPMbr e ganhou o direito de uma viagem à China, para conhecer o Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco), no mês de outubro. 

A nação asiática ocupa o primeiro lugar no ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), principal avaliação da educação básica no mundo. Rubens não soube como expressar tamanha felicidade pela proeza e olha que, por pouco, seu caminho profissional não foi diferente. 

Rubens tem direito a uma viagem para a China em outubro para conhecer a TEC UNESCO – Foto: Arquivo Pessoal

“O sentimento é indescritível. Estou vivendo a realização de um sonho que eu nem ao menos ousaria sonhar. A felicidade e gratidão por todo o reconhecimento que tenho recebido pelo trabalho que desenvolvi ao longo de toda a minha vida profissional é imensurável”, comemora ele, que nasceu em Teresina, porém é “maranhense de coração”, como conta.

ORIGEM

Os pais de Rubens moravam em Timon, município exatamente na divisa entre os estados do Maranhão e Piauí. Por melhores condições hospitalares, ‘atravessaram a ponte’ – que delimita a fronteira – e o primogênito nasceu em Teresina. 

Sua infância, todavia, foi em várias cidades pelo interior do Maranhão por influência do emprego do pai, que trabalhava na antiga Companhia Energética do Maranhão S.A. (CEMAR). A propósito, seguindo novamente seu ‘velho’, Rubens pegou gosto por Matemática ainda muito jovem. 

“Acho que vem do DNA. Meu pai tinha facilidade em Matemática. Ele fez o Ensino Médio, na época era Técnico em Contabilidade, e sempre se destacou na sala. Tanto é que quando ele terminou o Ensino Médio, ficou dando aula de Técnico de Contabilidade na escola”, conta Rubens. 

O dom matemático continuou de geração para geração. Rubens revela que seus filhos também herdaram a paixão pela ciência desde a infância. 

“Meus filhos são apaixonados por Matemática, têm facilidade para aprender. Minha pequena, de três anos, já sabe os números de 1 a 10, as fórmulas geométricas. A gente até se espanta, porque ela aprende sozinha”, completa. 

No começo, Rubens não se animava em ser professor; hoje, é um dos dez melhores docentes de Matemática do Brasil – Foto: Arquivo Pessoal

Apesar da habilidade, tornar-se professor era impensável para o adolescente Rubens, que iniciou o Ensino Médio na modalidade de Educação Geral em Barreirinhas. Entretanto, no meio do ano, a família se mudou para Mata Roma, onde não havia tal modalidade. 

Por isso, o adolescente cursou o Magistério. “A única coisa no mundo que não queria era ser professor. Por incrível que possa parecer”, brinca. “Como eu gostava de estudar, o meu pai sonhava que eu fosse médico. Ele internalizou isso. Mas eu estava louco para fazer Ciência da Computação, porque sempre gostei de tecnologia”, admite Rubens. 

VAI SER PROFESSOR, SIM! 

Só que o destino, ainda assim, escolheu o maranhense de coração para o caminho de se tornar professor. Rubens completou sua formação inicial no Magistério como docente em 2001 e sua mãe o inscreveu em um concurso público em Anapurus, município vizinho de Mata Roma, onde residia na época. 

E olha que o sujeito não queria ser professor mesmo. “Na época, eu estava muito bem cotado em um vestibular para Ciência da Computação. Tinha ido muito bem na primeira e segunda etapas, mas perdi a inscrição da terceira. A internet não era tão fácil como hoje e era um amigo meu, que tinha ido estudar em São Luís, que me ligava para avisar da abertura das inscrições. E quando entrei em contato com ele, já tinha passado o prazo. Perdi a vaga que tanto queria”, revela.

Com isso, restou o concurso em que ele mal se esforçou e foi aprovado. Deu aulas de Matemática para as turmas do 6⁰ ao 9⁰ Anos do Ensino Fundamental por três anos em Anapurus e foi se acostumando com a ideia. Neste ínterim, passou em novo concurso, para ministrar a disciplina também em Mata Roma. 

Ao mesmo tempo, ele queria continuar se aprofundando nos estudos e fazer uma especialização. Como o Magistério não lhe deu a preparação necessária, estudou por conta própria para passar no vestibular. “No Magistério, não tinha Matemática, Química, Física, Biologia e Inglês. Então, tive que estudar essas disciplinas sozinho em casa e consegui passar no vestibular”, recorda.

Em 2002, Rubens foi aprovado no curso de Licenciatura em Matemática pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI), no polo de Chapadinha, completando sua graduação quatro anos depois. De 2009 a 2010, aproveitou uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e fez uma especialização em Matemática em um curso à distância. 

“Ainda no primeiro período, me destaquei e fui convidado para ser tutor do curso de Graduação da UFSC. Então, estudava especialização e atuava como tutor do curso de Graduação em Matemática no polo de Brejo, cidade vizinha de Anapurus e Mata Roma”, lembra Rubens.

ENCONTRO COM O PROFMAT

Em seguida, ele emendou outra especialização, desta vez um MBA em Gestão e Ensino de Tecnologia da Informação pelo Instituto Brasileiro de Tecnologia Avançada (IBTA), concluído em 2010. E exatamente aproveitando a onda de pesquisa na internet em cursos de aperfeiçoamento, Rubens descobriu o PROFMAT. 

Rubens foi um dos nove vencedores da OPMbr que tiveram passagem pelo PROFMAT – Foto: Arquivo Pessoal

De 2014 a 2017, o maranhense se tornou mestre pelo programa de Mestrado da SBM e está muito próximo agora da aprovação em um Doutorado em Educação Científica e Tecnologia pela UFSC. As conquistas não o deixam esquecer uma promessa ao pai, que faleceu em 2013. 

“Eu não me tornei o doutor que ele queria, pois ele sonhava que fosse médico, mas eu sempre dizia a ele que seria doutor. Só que doutor em Educação Científica e Tecnológica. Infelizmente, ele não está presente para ver essas conquistas, mas fica para sempre na memória e levo como se fosse uma homenagem a ele”, conta. 

Extremamente realizado como professor na atualidade, Rubens reconhece a importância do PROFMAT para pavimentar seu caminho no cenário acadêmico. 

“Para você ver, dos dez vencedores da medalha de ouro da OPMbr, nove tiveram influência pelo PROFMAT. Olha só a importância do programa na formação de professores a nível nacional. Então, só tenho que parabenizar a SBM por esse curso, que é de grande valia para o aperfeiçoamento de professores de Matemática. Eu serei eternamente grato pela iniciativa”, concluiu o matemático. 

A SBM não para por aqui sua série de reportagens sobre os vencedores da OPMbr. Nos próximos dias, traremos mais um perfil dos demais medalhistas de ouro com passagem pelo PROFMAT. Fiquem ligados!