Mesa redonda reitera a importância divulgação científica para a sociedade
Nesta quarta-feira (22), a X Bienal da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, promoveu a mesa redonda “A matemática e as mídias sociais”, que trouxe experiências de pessoas envolvidas com a divulgação científica e atuam nas redes sociais com o objetivo de popularizar a área.
A atividade teve como mediador o Diretor do Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN) da UFPA, Marcos Diniz, e convidou os professores Julia Jaccoud (IME-USP), Maria Malcher (UFPA), Deborah Raphael (IME-USP) e José Régis Varão Filho (Unicamp) para o debate.
Julia e José Régis têm canais no YouTube que tratam a matemática de forma mais leve e lúdica e buscam aproximar da população essa ciência muitas vezes tida como de difícil compreensão. O canal A Matemaníaca, de Julia, conta com mais de 100 mil inscritos e 2,5 milhões de visualizações em seus conteúdos na plataforma. Já Fantástico Mundo Matemático, de José Régis, já bateu quase 200 mil visualizações e têm quase 9 mil assinantes no canal.
Os números impressionam e dão a dimensão do potencial de alcance do conteúdo produzido. Segundo Julia, os vídeos são uma forma de contribuir para uma Matemática mais inclusiva. “O que eu quero provocar é uma divulgação científica que extrapole o muro da universidade e que dê um retorno para a sociedade do que a gente faz aqui dentro”, explica.
A professora Deborah compartilhou os desafios de realizar a divulgação dos trabalhos desenvolvidos pela Matemateca do IME-USP, da qual faz parte e que tem como objetivo fomentar a divulgação da Matemática para o público em geral e, em particular, para estudantes de todos os níveis de ensino, utilizando recursos instigantes e que concretizam os conceitos da área. “A Matemateca tem um acervo de objetos matemáticos pensados, em primeiro lugar, para os nossos alunos de graduação, que muitas vezes não tinham acesso a certos temas da Matemática. Depois, tivemos experiências de mostrar para crianças, que foram muito bem-sucedidas, e depois para o público em geral”, conta.
Os membros da mesa elencaram diversos obstáculos na luta diária pela popularização da matemática a partir das redes sociais. José Régis lembrou que é impossível dedicar-se exclusivamente à produção de conteúdo nesse sentido. “Como docente, entendi que o meu papel é mais comunicar essa vivência da Matemática. Eu tenho esse objetivo e entendo que, com a maneira e o tempo que eu tenho, eu não consigo satisfazer o algoritmo do YouTube”, pontua.
As falas dos três matemáticos foram contempladas pela explanação da professora Maria Malcher, especialista na área de Comunicação. Para ela, as redes sociais são um mundo cheio de oportunidades, mas também perigoso. “As redes sociais digitais são novas, mas a sociedade é constituída de redes sociais. Elas eram menos complexas. Hoje, nós temos muita coisa interessante, mas muita complexidade”, analisa.
As discussões também permearam possíveis caminhos para avançar com a popularização da Matemática utilizando as redes sociais, além de experiências pessoais de cada pesquisador e seus projetos que buscam levar a Matemática de uma maneira mais palpável a todos os cidadãos.
Confira a íntegra da mesa redonda “A matemática e as mídias sociais” na X Bienal de Matemática da SBM: