Roberto Imbuzeiro Oliveira: conheça um dos membros da Diretoria da SBM

Carioca de 46 anos é Pesquisador Titular do IMPA e tem dois objetivos muito claros: a instauração de doutorado ao PROFMAT e criação de Código de Ética para a Sociedade

Em agosto do ano passado, Jaqueline Mesquita assumiu a Presidência da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) para um mandato que expira em julho de 2025. Daniel Pellegrino, Professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é o atual Vice-Presidente e o grupo majoritário é composto por quatro diretores – entre eles, o carioca Roberto Imbuzeiro Oliveira.

Foto: Arquivo Pessoal

Aos 46 anos, Imbuzeiro vai para seu segundo mandato seguido na Diretoria da SBM – compôs o grupo na última gestão de Paolo Piccione. Hoje, o matemático é Pesquisador Titular do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro, instituição de ensino vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e ao Ministério da Educação (MEC).

“Agradeço demais aos convites do Paolo e da Jaque. É importante que trabalhemos em prol da comunidade matemática do Brasil. Atender as questões, as necessidades que surgem na Sociedade, então me sinto muito honrado em trabalhar por mais um mandato na Diretoria da SBM”, declara o carioca, natural da Tijuca.

Origem

Nascido em 1977, Roberto é filho único de uma família que se estabeleceu na Zona Norte do Rio de Janeiro – “uma parte era de São Cristóvão, a outra de Pilares”, detalha. O pai se formou como advogado e, mesmo escolhendo a carreira de juiz, já tinha uma certa feição pela Matemática. Só que a influência para seguir os passos na área de Ciências foi de uma geração anterior. 

“Acho que a influência veio do meu avô, que era um homem de negócios. E, além do mais, tinham dois astrônomos na família: meu bisavô Cláudio e meu tio Jair, que adorava levar as crianças da família para observar as estrelas e mostrar as constelações e nebulosas no céu. Então, a Matemática naturalmente me chamou a atenção desde cedo”, conta Roberto.

Foto: Reprodução/FAPERJ

O jovem aluno tirava boas notas na disciplina no Ensino Fundamental. Por isso, o colégio resolveu convidá-lo a participar de uma Olimpíada Brasileira de Matemática em 1991, quando estava no 9º Ano. “Eu aceitei e fui sem saber o que esperar da prova. Fiquei com uma Menção Honrosa, mas achei as questões interessantes, difíceis. E como fui bem na Olimpíada, fui convidado para treinamentos para a competição”, lembra. 

Ainda assim, o carioca não quis continuar as atividades e sequer pensava em prestar o vestibular para Matemática. Sua primeira paixão foi Engenharia de Computação e logo veio a aprovação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). O problema foi que a certeza de outrora não condizia mais com as convicções do vestibulando. 

“O engraçado é que, antes mesmo de começar o curso, começaram a surgir várias dúvidas se era aquilo mesmo que queria fazer. Comecei a pensar se não queria fazer Jornalismo, Publicidade, Música, começaram a aparecer várias coisas de que gostava”, confessa.

Convicção pela Matemática

Ainda assim, Roberto resolveu iniciar a graduação em Engenharia. No primeiro ano, todavia, veio o ‘clique’ que faltou nos meses anteriores ao que gostaria de fazer como profissão. “Mesmo inseguro, eu entrei para Engenharia de Computação, mas gostei mais das disciplinas de Matemática. O que mais me chamou a atenção foi a Matemática pela elegância e beleza das coisas fazerem sentido. Daí, quando já tinha uma bolsa de Iniciação Científica no Departamento de Matemática da PUC-RIO, me encorajaram a me matricular no curso de Introdução de Análise, o primeiro curso para os futuros Bacharéis e Licenciados em Matemática. Este curso me conquistou de vez para me mudar para Matemática”, discorre. 

Dessa forma, Roberto completou a graduação em Matemática em 1999 pela PUC-RIO. Um ano depois, “nunca estudou tanto na vida”, como bem descreveu, para se tornar Mestre em Matemática pelo IMPA em 2000. Em 2004, o carioca completou seu Doutorado na Universidade de Nova York e, no exterior, também concluiu seu Pós-Doutorado na IBM, dois anos mais tarde, em um grupo intitulado ‘Física da Informação’. 

Em setembro de 2006, Roberto foi contratado pelo IMPA como Pesquisador e prosseguiu sua trajetória de sucesso em sua terra natal. “No IMPA, eu tenho muita liberdade para desenvolver a pesquisa que quero, desde que seja em alto nível. O IMPA oferece uma segurança que eu não via nas universidades dos EUA. Como sempre tive cabeça aberta, procurando assuntos novos relacionados à Probabilidade, o IMPA me possibilitou expandir minha linha de pesquisa e abrir horizontes com outros profissionais de sucesso”, analisa. 

Hoje, o cientista carioca é Pesquisador Titular do IMPA, categoria alcançada em 2017, e sua linha de pesquisa abrange majoritariamente Probabilidade e as suas relações com problemas de Estatística, Matemática Discreta, Informação Quântica, dentre outros temas. De 2012 a 2017, foi membro associado de Ciências Matemáticas da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Prioridades na Diretoria da SBM

Para seu segundo mandato, agora sob a chefia de Jaqueline, o matemático carioca já foca em duas prioridades. A primeira delas é a instauração de um Doutorado que dê sequência ao Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), coordenado pela SBM. 

“A ideia é criar um doutorado. Não tem a mesma proposta do PROFMAT, é mais um doutorado para ampliar os horizontes do professor, permitindo que trabalhe com novas tecnologias em aula, com avaliação de políticas públicas, como se ensinar Matemática de uma maneira mais eficaz, qual a qualidade do ensino no município dele ou estado. E a gente trabalha muito forte para submeter a proposta de doutorado em breve”, explica.

Foto: Divulgação/IMPA

E, finalmente, Roberto revelou a intenção da SBM em criar um Código de Ética. O ideal é que a entidade consiga abranger o maior número de grupos da sociedade matemática do país. 

“A SBM tem um regimento, um estatuto, mas não tem propriamente um Código que explica os deveres dos associados, as expectativas. Então, a Jaqueline encomendou este trabalho. Sou responsável por este projeto, mas é um trabalho lento, pois queremos fazer um Código que sirva para a SBM por muitos anos, que sirva à Sociedade por muitos anos”, finaliza. 

Roberto é um dos quatro Diretores da gestão de Jaqueline na SBM. Os outros três são o ex-presidente Paolo Piccione, da Universidade de São Paulo (USP), a professora Maria Aparecida Soares Ruas, também da USP, e Valéria Cavalcanti, docente da Universidade Estadual de Maringá (UEM).